Mário de Carvalho vence Grande Prémio de Literatura Biográfica da APE
Obra premiada é o livro De maneira que é claro...
O escritor Mário de Carvalho venceu, por unanimidade, o Grande Prémio de Literatura Biográfica Miguel Torga, com a obra De maneira que é claro..., revelou esta quinta-feira a Associação Portuguesa de Escritores.
Mário de Carvalho é distinguido com uma obra que se destacou “quer pela exímia qualidade estético-literária, contida e vigiada, quer igualmente pelo valor testemunhal e memorialístico das suas evocações”, afirma o júri em ata.
O júri foi constituído por José Manuel Mendes, Cândido Oliveira Martins, José Carlos Seabra Pereira e Maria de Lurdes Sampaio.
Editado em 2021, ano em que celebrou 40 anos dedicados à escrita, De maneira que é claro... (Porto Editora) é um conjunto de relances breves, reminiscências e memórias de Mário de Carvalho, que vão da infância nos bairros da Graça e da Penha de França, em Lisboa, à prisão e exílio antes do 25 de Abril, passando pela família, a época estudantil, a consciência política, os movimentos associativos e os encontros clandestinos.
O Grande Prémio de Literatura Biográfica Miguel Torga, a cumprir a segunda edição, é uma iniciativa da Associação Portuguesa de Escritores e da Câmara Municipal de Coimbra.
Ao prémio, com um valor monetário de 12.500 euros, concorreram obras literárias publicadas em 2021 nos domínios da biografia, autobiografia, fotobiografias, diário, memórias, entre outros, refere a associação.
Nascido em Lisboa, em 1944, combatente pela democracia, contra a ditadura, que o levou à prisão, Mário de Carvalho estreou-se na literatura aos 37 anos, com Contos da sétima esfera, publicados em 1981.
Desde então, entre romance, novela, conto, ensaio, crónica, teatro e literatura para a infância, soma mais de 30 títulos, entre os quais se encontram Um deus passeando pela brisa da tarde, A inaudita guerra da avenida Gago Coutinho, Os alferes, Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto, Apuros de um pessimista em fuga, Fantasia para dois coronéis e uma piscina e Se perguntarem por mim, não estou seguido de haja harmonia.
Os prémios chegaram desde logo com as primeiras obras, como o Prémio Cidade de Lisboa e o Prémio D. Dinis, atribuídos ainda durante a década de 1980. Entre outros, recebeu os Grandes Prémios de Romance e Novela, Conto e Teatro da APE, o prémio do PEN Clube Português, de narrativa e de ensaio, o prémio internacional Pégaso de Literatura, o Prémio Fernando Namora, por duas vezes, o Grande Prémio de Literatura dst e o Prémio Vergílio Ferreira, de carreira, da Universidade de Évora.
Em 2020, recebeu, pela quarta vez, um grande prémio da APE, este de Crónica e Dispersos Literários, pelo livro O que eu ouvi na barrica das maçãs. De maneira que é claro... garante-lhe um quinto Grande Prémio da APE, desta vez na área da Literatura Biográfica.
Em 2021 foi condecorado pelo Presidente da República com a Grã-Cruz da Ordem do Infante.