Catalunha vai impor nova taxa aos cruzeiros para combater impacto ambiental
Os turistas que chegarem à região a bordo de um navio de cruzeiro vão pagar em breve mais uma taxa. Medida pretende reduzir impactos ambientais da indústria, sobretudo em Barcelona, o porto de cruzeiros mais movimentado da Europa.
Depois de Veneza, também Barcelona está a tentar virar costas à indústria dos cruzeiros. De acordo com a ministra para a Acção Climática do governo catalão, o novo imposto “deverá estar aprovado nas próximas semanas”. A concretizar-se, será o terceiro aplicado aos navios de cruzeiro, acumulando com as taxas turísticas da cidade e da comunidade autónoma, mas o primeiro a ser criado por razões estritamente ambientais.
A autarca de Barcelona, Ada Colau, pedia no final de Maio ao governo da Catalunha “regulamentação” e “limitação” para a indústria de cruzeiros na cidade, numa altura em que o fluxo de navios a chegar ao porto de cruzeiros mais movimentado da Europa volta a registar números semelhantes aos anos anteriores à pandemia (ainda que com menos turistas a bordo).
Um novo acordo assinado na semana passada entre o município e a região autónoma vem responder ao pedido da autarca, ainda que pondo água na fervura, ao criar primeiro um grupo de trabalho para estudar o tema, nomeadamente “a regulamentação dos navios de cruzeiro e o seu impacto turístico e ambiental”, mandatado a “encontrar as melhores soluções”.
O que é certo, para já, é que o imposto para taxar as emissões dos grandes navios de cruzeiros, aprovado em Novembro de 2021, vai mesmo para a frente, garantia a ministra da Presidência do governo catalão. De acordo com Laura Vilagrà, a “formulação do imposto será definida nas próximas semanas”, incluindo valores e métodos de aplicação. A ideia é que o governo da comunidade autónoma aprove a medida antes do final do ano, de acordo com fontes do Departamento para a Acção Climática, citados pelo El País.
“Partilhamos as preocupações relacionadas com as emissões de gases com efeito de estufa e a qualidade do ar em Barcelona e em toda a área metropolitana”, reagia durante a sessão de imprensa a ministra para a Acção Climática do governo catalão, Teresa Jordà. “Esperamos poder apresentar, nas próximas semanas, a proposta do Governo para regulamentar as emissões nas zonas portuárias da Catalunha e teremos todo o prazer em partilhar com a Câmara Municipal de Barcelona o trabalho realizado e a formulação que propomos para este imposto.”
Recorde-se que o governo catalão já tinha aprovado o projecto do novo imposto em Novembro do ano passado, determinando que as receitas serão aplicadas em políticas de prevenção e para melhorar a qualidade do ar. Será a terceira taxa a ser aplicada aos navios de cruzeiros que atracam no porto de Barcelona, mas a primeira a ser criada por razões estritamente ambientais. Actualmente, é cobrada uma taxa turística por passageiro de três euros para uma estadia superior a 12 horas, e um euro para aqueles que ficam menos de meio dia; além de uma sobretaxa adicional de 1,75 euros por pessoa aplicada pela autarquia de Barcelona.
Em Maio, a actividade dos navios de cruzeiro em Barcelona regressou aos níveis pré-pandémicos, recorda o El País, com 125 navios a atracar na cidade ao longo do mês, embora o número de passageiros tenha sido um pouco inferior face aos valores registados antes da covid-19. Recorde-se que, só em 2019, desembarcaram na cidade 3,1 milhões de passageiros de navios de cruzeiro, atingindo números diários superiores a 10 mil pessoas em 139 dias do ano.
No mesmo ano, um relatório da organização não-governamental Transport & Environment concluía que Barcelona tinha sido a cidade da Europa que mais sofreu com a poluição atmosférica provocada pelos navios de cruzeiros. Apontando a números de 2017, a indústria tinha emitido cerca de 32,8 toneladas de óxido de enxofre na cidade, um poluente tóxico que integra a composição do petróleo – sendo que o combustível utilizado pelos navios de cruzeiro contém cerca de 2000 vezes mais óxido de enxofre que o gasóleo comum.