Os antigos presidentes da FIFA e da UEFA Joseph Blatter e Michel Platini, respectivamente, começaram, esta quarta-feira, a ser julgados por suspeitas de fraude, gestão danosa, abuso de confiança e falsificação de documentos, no Tribunal Penal Federal de Bellinzona, na Suíça.

O julgamento de Blatter, de 86 anos, que liderou a FIFA entre 1998 e 2015, e de Platini, de 66 anos, presidente da UEFA entre 2007 e 2016 e uma “estrela” na década de 1980 (na selecção francesa e na Juventus), deverá decorrer até 22 de Junho, sendo a sentença esperada até 8 de Julho.

Acompanhado pela filha Corinne, Joseph Blatter surgiu bem disposto no trajecto percorrido a pé até ao tribunal, onde alegou dores no peito e dificuldades respiratórias, facto que levou à interrupção da sessão e à dispensa do ex-presidente da FIFA (por 24 horas), depois de ter sido advertido para o facto de o tribunal ter um calendário apertado a cumprir.

O tribunal havia já rejeitado um pedido dos advogados de Blatter e Platini, no sentido de transferir o julgamento para um tribunal local, bem como o anulamento da queixa civil da FIFA, cuja advogada reiterou o facto de a imagem daquele organismo ter sido beliscada e de terem sido “roubados dois milhões de francos”.

“Tenho plena consciência de nada ter feito de ilegal” clamou Blatter à chegada ao tribunal, enquanto Michel Platini se mostrou confiante, juntando uma nota de humor quando disse que precisava melhorar o alemão para poder acompanhar o julgamento.

“Estou convencido de que será feita justiça. Provaremos que agi com total honestidade e que o pagamento feito pela FIFA foi devido e legal”, disse Platini à chegada.

Blatter e Platini são suspeitos de terem combinado o pagamento de dois milhões de francos suíços (1,8 milhões de euros) por parte da FIFA ao então dirigente máximo da UEFA.

Platini terá recebido a quantia em 2011, alegadamente pelos serviços prestados como conselheiro de Blatter entre 1998 e 2002. Ambos justificaram o pagamento tão diluído no tempo com o facto de as finanças da FIFA, na altura, não permitirem remunerações tão elevadas como as acordadas entre Blatter e Platini.

O caso já foi julgado nas instâncias desportivas, tendo Blatter, que renunciou à presidência da FIFA em 2015, sido suspenso por seis anos de qualquer actividade ligada ao futebol, por “abuso de posição”, “conflito de interesses” e “má gestão”, e Platini recebido uma punição de quatro anos.

Segundo a legislação suíça, a fraude simples tem uma moldura penal de até cinco anos de prisão ou uma punição pecuniária.