Organização do Primavera Sound de Barcelona sob fogo após queixas de festivaleiros e trabalhadores
Em alguns bares, as filas de espera no primeiro dia do festival chegaram a atingir as duas horas. Organização vai adoptar medidas para resolver problemas no segundo fim-de-semana do evento, que começa esta quinta-feira.
Filas de duas horas para conseguir uma bebida, trabalhadores exaustos e queixas contra seguranças: o primeiro fim-de-semana do Primavera Sound de Barcelona, que decorreu entre quinta-feira e sábado passados, gerou uma torrente de críticas à organização do evento – que garante estar a adoptar medidas para corrigir as falhas apontadas pelos festivaleiros. Os relatos de experiências negativas foram compilados numa página de Instagram baptizada “Primaverasucks”, que conta já com mais de 1600 seguidores.
“O festival estava mal organizado, tanto para o público como para os trabalhadores. O primeiro dia, então, foi o caos total. Estava num dos bares junto ao palco secundário e a partir das 15h tivemos uma enchente e nunca mais parámos. Nem tive tempo de ir à casa de banho ou de comer”, detalha Gabriela Nunes ao PÚBLICO. A jovem trabalhou num dos bares no Primavera Sound de Barcelona e diz que a circulação entre palcos estava muito congestionada: “Pelo que ouvi, os acessos ficavam muito cheios. Havia gente que ia de um concerto para outro e não se conseguia mexer, ficava 40 minutos presa. Deve ser assustador.”
Do outro lado do balcão – e apesar dos esforços para servir o público com a maior celeridade possível –, a frustração crescia: às longas filas juntavam-se o calor e a escassez de água. “Tínhamos pessoas a insultar-nos, atiravam copos. Uma rapariga teve um ataque de ansiedade porque um cliente a estava a ameaçar, desistiu logo nesse dia e foi para casa. Também havia gente que percebia que a culpa não era nossa, mas estamos num festival – o bilhete já era caro – e estavam irritados.”
No Twitter, a organização abordou as queixas do público logo no primeiro dia do evento, pedindo desculpa pelos problemas e garantindo que estavam a ser tomadas medidas para os solucionar.
O jornal espanhol El País foi um dos que noticiaram as queixas dos festivaleiros, confirmando que a organização do Primavera Sound irá adoptar algumas modificações para o segundo fim-de-semana do evento, que se inicia esta quinta-feira, tal como seu congénere português: mais pessoal e mais bebedouros no recinto (algumas publicações apontavam a ausência de água em certas zonas do complexo). Após o caos registado no primeiro dia, foi tomada a decisão de encerrar alguns dos bares e reforçar o número de pessoas a trabalhar nos restantes, algo que serviu para amenizar os tempos de espera na sexta-feira e no sábado.
“Havia poucas pessoas para o trabalho que tínhamos, algumas estavam a desistir com ataques de pânico e ansiedade. Acho que a organização vendeu demasiados bilhetes e não contratou pessoas suficientes”, considera Filipa Correia, outra portuguesa que trabalhou no festival, em conversa com o PÚBLICO.
A portuense estava numa outra zona do complexo, mas as queixas são as mesmas que Gabriela transmitiu. “Estava junto ao palco Binance, um dos secundários. Não era muito mau, o meu bar fechava às 3h e eu fazia 13 horas de trabalho. Mas [nos bares do palco principal] havia pessoas a fazer 15 horas, era muito puxado. Não conseguiam ir à casa de banho porque não dava para largar os bares”, lamenta.
No Instagram foi criada uma página com o nome “Primaverasucks” onde são compiladas as queixas. A maioria prende-se com os longos tempos de espera para comprar comida e bebida, mas há também muitas pessoas que acusam os seguranças de antipatia e, em certos casos, agressividade.
O segundo fim-de-semana do Primavera Sound Barcelona começa esta quinta-feira e estende-se até sábado.