Associações académicas abandonam encontro nacional e criticam a sua legitimidade

As associações académicas de Coimbra, Açores, Algarve, Aveiro, Beira Interior, Évora, Madeira, Minho e Trás-os-Montes e Alto Douro abandonaram no sábado o Encontro Nacional de Direcções Associativas.

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Algumas associações “questionam a legitimidade das moções” que venham a ser aprovadas na reunião ordinária do ENDA Paulo Pimenta

Várias associações académicas do país abandonaram o Encontro Nacional de Direcções Associativas (ENDA), que decorre em Viseu este fim-de-semana.

As associações académicas de Coimbra, Açores, Algarve, Aveiro, Beira Interior, Évora, Madeira, Minho e Trás-os-Montes e Alto Douro abandonaram no sábado o ENDA, que reúne o movimento associativo nacional dos estudantes do ensino superior, em protesto contra aquilo que consideram ser um modelo de fórum “centralizador”, que favorece as federações associativas, afirmaram neste domingo estas estruturas, em comunicado enviado à agência Lusa.

Nesse comunicado, “questionam a legitimidade das moções” que venham a ser aprovadas na reunião ordinária do ENDA, depois de a terem abandonado no sábado.

“O ENDA não pode ser um espaço onde as associações que representam 25% dos estudantes de todo o ensino superior a nível nacional equivalem a menos de 10% da votação. Infelizmente, o actual modelo, fortemente centralizador e federalista, marcado por discussões que se tornam, por vezes, demagogas e vazias, proporcionadas por jogos de interesse, não cumpre os seus princípios”, pode ler-se no comunicado.

Nesse mesmo documento, as associações, que criaram há já três anos o movimento Académicas Ponto (face ao descontentamento sobre a representatividade do ENDA), asseveram que não compactuam “com a sobrevalorização de estruturas em detrimento dos estudantes” e que irá avançar com pedidos de reuniões próprias junto das entidades, “de modo a apresentar as suas ideias enquanto estruturas representativas de estudantes do ensino superior”.

Questionado pela agência Lusa, o presidente da Associação Académica de Coimbra (AAC), João Caseiro, esclareceu que o movimento não pretende sair permanentemente do fórum e criar um outro, tendo optado por estar fora da discussão deste fim-de-semana.

“Tivemos um ENDA extraordinário na sexta-feira [também em Viseu], em que houve mais de 18 horas de discussões para a elaboração de um documento, com vários aspectos aprovados na especialidade, mas que foi chumbado quando votado na globalidade. Esse documento beneficiava a representatividade e era uma conquista da luta das académicas. No sábado, decidimos retirar as moções do ENDA ordinário e abandoná-lo”, explicou.

Segundo João Caseiro, o actual modelo (cada associação tem um voto) favorecer as federações em detrimento das associações académicas.

As associações académicas têm direito a um voto, agregando em si os núcleos de estudantes de cada faculdade, já as federações têm uma associação por cada faculdade.

“O nosso objectivo não é tirar voz às associações, mas adequar o peso de uma associação que represente 25 mil e uma que representa 500”, vincou o dirigente estudantil.

O actual modelo acaba por ser dominado pelas federações académicas de Lisboa, do Porto e das associações de estudantes do ensino politécnico, o que acaba por contribuir “para uma centralização da discussão”, notou.

Após esta acção, o movimento das académicas deverá ter “uma acção robusta e coordenada através da plataforma”, havendo uma possibilidade “muito forte” de avançar com as suas próprias reuniões junto do Governo, referiu. “Vamos ter uma voz própria para lá do ENDA”, salientou João Caseiro.