Há 22 anos, chegava aos televisores dos portugueses a famosa, e igualmente polémica, campanha do chimpanzé Gervásio. Nela, o animal era capaz de aprender a reciclar as embalagens usadas em uma hora e 12 minutos. Os espectadores eram então questionados sobre o tempo que demorariam a fazer o mesmo. Era uma época em que reciclar ainda não era uma prática tão comum; há um quarto de século a ordem natural das coisas era enviar todo o lixo para os aterros sanitários.
Hoje, nove em cada dez portugueses participam de algum modo na reciclagem de embalagens. Esta adesão – que ainda pode e deve melhorar – não significa, porém, que não subsistam dúvidas sobre o destino de determinados resíduos. É natural: existem múltiplos tipos de embalagens e, por vezes, estas são compostas por diferentes materiais.
Uma das dúvidas comuns está ligada ao raciocínio que fazemos quando triamos os resíduos. Como os ecopontos de diferentes cores estão mentalmente associados a matérias-primas – vidro, papel, plástico e metal –, é comum que pensemos mais no material do que na função do objecto. Por exemplo: temos um copo de vidro rachado e pensamos que aquela matéria-prima pode ser valorizada no ecoponto verde. Errado. Um copo é um utensílio de cozinha, não é uma embalagem. E, por isso, vai para o lixo comum. Já uma garrafa de vinho vazio pode ser reciclada. Por quê? Porque foi adquirida num ponto de venda com a função de acondicionar uma bebida. É, portanto, uma embalagem e deve ser reciclada.
A mesma lógica pode ser aplicada para quase todos os outros resíduos: uma tesoura danificada não pode ser depositada no ecoponto amarelo – destinado ao plástico e ao metal –, uma vez que o objecto cortante não é uma embalagem. Uma lata de refrigerante vazia já pode, porque a função primeira da latinha é acondicionar um líquido. Este conceito vale para quase tudo, segundo a Sociedade Ponto Verde, à excepção do papel.
É possível depositar no ecoponto azul jornais, livros inutilizados, apontamentos e documentos (devidamente destruídos, no caso de incluírem informações pessoais), mesmo que estes resíduos não tenham tido a função de embalar algo. As caixas de pizza, por exemplo, são embalagens e vão para o mesmo destino se não estiverem sujas. Se estiverem muito manchadas de gordura, como no jogo acima, aí sim seguem para o lixo comum.
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