Eles transformam garrafas em areia, para ajudar a restaurar a costa americana
Franziska Trautmann e Max Steitz eram estudantes quando decidiram criar o Glass Half Full, para transformar garrafas em areia e ajudar, assim, a recuperar a costa. Hoje têm uma empresa que já ajudou uma tribo a recuperar terras.
“Como todas as boas ideias”, esta surgiu enquanto dois colegas partilhavam uma garrafa de vinho. Franziska Trautmann e Max Steitz chegaram à conclusão que, quando terminassem de a beber, a garrafa acabaria num aterro — e decidiram que era altura de lhes mudar o destino, ao mesmo tempo que ajudavam a recuperar a costa.
Foi assim que nasceu o projecto Glass Half Full, a única estrutura que recicla vidro em Nova Orleães, nos Estados Unidos. Foi no jardim de uma casa que começaram o projecto, impulsionado por uma campanha de angariação de fundos para comprar a primeira máquina necessária ao processo de transformação de garrafas em grãos de areia.
“Globalmente, a areia é o segundo recurso mais explorado, depois da água”, começa por dizer Franziska ao Guardian. “Estamos a usar a areia a duas vezes o ritmo que é produzida naturalmente.”
Não tinham dinheiro nem conhecimento quando começaram o projecto, conta a criadora do projecto. “Até agora, impedimos que mais de 900 mil quilos de garrafas acabassem em aterros”, conta.
As garrafas são deixadas em pontos de recolha gratuitos ou através de um sistema de recolha pago e quando chegam às instalações é formada uma “montanha de vidro”. Depois, são submetidas a um processo que as transforma “numa mistura de vidro, areia e gravilha”. Dependendo da grossura, é depositada na costa, para a restaurar, ou utilizada para fazer azulejos, por exemplo.
A pergunta que mais lhe fazem: “Vou-me cortar na areia?” Não. E também não é perigosa para os animais e plantas. “Recebemos um prémio da Fundação Nacional de Ciência em 2021 e, desde então, temos feito experiências para nos certificarmos que tudo é seguro e vai apenas beneficiar o ambiente”, afirma Franziska.
O projecto conseguiu reunir voluntários para trabalhar com uma tribo em Pointe-au-Chien, em Luisiana, para restaurar uma parte das suas terras. “Temos sempre uma mentalidade de copo meio cheio.”