EUA acusam China de querer “apagar as memórias” de Tiananmen

Autoridades de Hong Kong voltaram a proibir manifestações de homenagem às vítimas do massacre. Blinken garante que os protestos de 1989 “não serão esquecidos”.

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Polícia de Hong Kong foi mobilizada para um dos poucos locais da China onde ainda era permitido fazer vigílias em memória das vítimas do massacre de 1989 TYRONE SIU/Reuters

A China quer “apagar as memórias” da repressão de Tiananmen, em 1989, ao impedir uma vigília em Hong Kong, neste sábado, por ocasião do 33.º aniversário do evento, denunciou o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.

“Hoje, a luta pela democracia e liberdade continua a ressoar em Hong Kong, onde a vigília anual para comemorar o massacre de Tiananmen foi proibida pela República Popular da China e pelas autoridades de Hong Kong, numa tentativa de apagar as memórias desse dia”, disse Blinken, num comunicado.

Há 33 anos, o Exército chinês reprimiu brutalmente os protestos liderados por estudantes que pediam reformas democráticas para o país, na Praça Tiananmen, no centro de Pequim.

O número de vítimas mortais ainda hoje é objecto de discussão. Estimativas chegam aos dez mil mortos, embora Pequim defenda que a repressão dos “tumultos contra-revolucionários” tenha levado à morte de duas centenas.

Na homenagem aos “corajosos manifestantes”, Blinken disse que os protestos “não serão esquecidos”.

A polícia de Hong Kong fechou na sexta-feira parcialmente o Parque Vitória, onde, até 2019, decorria anualmente uma vigília à luz de velas para assinalar a data, justificando a medida com ameaças feitas online à polícia do território.

As autoridades da região semi-autónoma chinesa tinham avisado anteriormente que a maioria dos espaços onde habitualmente decorriam estes eventos estaria fechada entre a noite de sexta-feira e as primeiras horas de domingo.

Carrie Lam, chefe do executivo de Hong Kong – que será substituída em Julho por John Lee, o ex-polícia e ex-ministro da Segurança que foi eleito em Maio para o seu lugar –, avisou que quem violar a proibição de manifestação pode vir a ser indiciado ao abrigo da polémica lei de segurança nacional.

Macau e Hong Kong eram os únicos territórios chineses onde as homenagens às vítimas de 4 de Junho de 1989 eram toleradas.

Em 2020, as autoridades locais proibiram, pela primeira vez em 30 anos, a realização da vigília em espaços públicos, numa decisão justificada com a contenção da propagação da covid-19. Essa proibição repetiu-se no ano passado.

“Continuaremos a expor as atrocidades e as violações de direitos humanos cometidas pela República Popular da China, incluindo em Hong Kong, Xinjiang e Tibete, e a exigir responsabilidade”, prometeu Blinken.

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