Marcelo nunca fez comentários sobre antigos presidentes da República?
O Presidente da República foi desafiado a comentar o artigo de opinião de Cavaco Silva.
A frase
“Vou ler, vou interiorizar e não vou comentar porque eu nunca comento antigos Presidentes da República nem futuros Presidentes da República”.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República
O contexto
Esta quarta-feira, o Observador publicou um artigo de opinião de Aníbal Cavaco Silva, em que o ex-presidente da República desafiou o actual líder do executivo, António Costa, “a fazer mais e melhor” do que o próprio fez durante os mandatos em que teve maioria absoluta. O texto respondia a uma crítica do primeiro-ministro ao facto de durante os governos maioritários de Cavaco Silva se ter confundido a maioria absoluta “com um poder absoluto”.
Questionado pelos jornalistas na Festa do Livro, em Belém, esta quinta-feira, sobre se tinha lido o artigo, o actual presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, respondeu que não tinha lido o texto, mas que iria ler e interiorizar. O chefe de Estado recusou-se, porém, a comentar, justificando que nunca comenta os seus antecessores.
Os factos
Marcelo tem passado esta mensagem sucessivamente desde que se tornou Presidente da República. Contudo, em 2018, depois de uma crítica de Cavaco Silva sobre a não recondução da anterior procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, afirmou que não deve comentar o comportamento dos seus antecessores. Isto “por uma questão de cortesia e de sentido de Estado”, dando, assim, a entender que o ex-chefe de Estado não segue a mesma regra. Marcelo corrigiu ainda Cavaco quanto à regra de nomeação para o cargo de PGR. Já em 2017, havia deixado essa nota, acrescentando ainda que manteria esta posição mesmo quando deixasse de ser presidente porque assim dita o “bom senso”, a “educação” e o “respeito da função presidencial”.
Em suma
Ainda que Marcelo tenha a regra de não comentar antecessores ou futuros Presidentes, já abriu pelo menos uma excepção para comentar, mesmo que de forma indirecta, declarações de Cavaco Silva, sugerindo falta de sentido de Estado do ex-presidente e desconhecimento da regra de nomeação da PGR.