Concessão de crédito à habitação abranda em Abril com novos limites aos contratos

Taxa de juro dos empréstimos para compra de casa voltou a subir. Crédito ao consumo também diminuiu, o que pode ser explicado por maior cautela das famílias face à actual conjuntura.

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O abrandamento do crédito em Abril era esperado Daniel Rocha

Em Abril, os bancos concederam 1910 milhões de euros de novos empréstimos aos particulares, uma diminuição de 554 milhões relativamente a Março. A principal fatia deste decréscimo, de 371 milhões de euros, verificou-se no crédito à habitação, de acordo com dados divulgados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal (BdP).

A explicar esta queda no novo crédito estão vários factores, um dos quais é a entrada em vigor, a 1 de Abril, das novas regras de duração dos empréstimos, que passaram a estar limitados em função da idade dos particulares, o que não existia anteriormente.

O abrandamento do crédito em Abril era, por isso, esperado, pela antecipação dos pedidos de empréstimos, que explica o forte crescimento em Março (1691 milhões de euros). E, essencialmente, porque a limitação dos contratos implica prestações mensais mais elevadas, e taxas de esforço mais altas, sendo que também neste domínio já existiam regras mais apertadas, impostas pelo BdP.

O limite da duração dos contratos passou a ser 37 anos para quem aceder ao crédito à habitação com idades entre os 30 e os 35 anos. Para quem tem mais de 35, o prazo encolheu e o novo patamar fixa-se nos 35 anos de crédito.

O crédito à habitação concedido em Abril totalizou 1320 milhões de euros e a taxa de juro média destes novos contratos subiu ligeiramente, para 1,06%, contra 1,03% em Março, a reflectir a subida das taxas Euribor. A taxa máxima está ao no nível mais elevado desde Julho de 2020.

Estes novos empréstimos são feitos essencialmente com a Euribor a 12 meses, que está positiva desde Abril, e que está a caminhar rapidamente para 1,5%.

A subida da Euribor, o prolongamento da guerra na Ucrânia, a subida da inflação e a perspectiva de subida das taxas de juro do BCE em Julho, são factores que também ajudaram a explicar a queda dos volumes de novo crédito, em todas as finalidades.

O crédito ao consumo abrandou em Abril para 416 milhões de euros, menos cerca de 100 milhões face ao valor de Março (513 milhões de euros), e para outros fins também passou de 260 milhões para 175 milhões de euros.

Depósitos abrandaram

Em Abril, o montante de novos depósitos dos particulares desceu, totalizando a 3554 milhões de euros (4092 milhões de euros em Março) e a taxa de juro média manteve-se no mínimo histórico de 0,04%, o que acontece pelo sexto mês consecutivo.

Do montante de novos depósitos constituídos, 86% foi aplicado em depósitos a prazo até 1 ano, também remunerados à taxa de juro média de 0,04%.

Apesar da subida das taxas Euribor, não é expectável uma melhoria da taxa de remuneração dos depósitos no curto prazo.

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