Duelo ibérico a abrir o carrossel da Liga das Nações
Portugal defronta a Espanha em Sevilha no primeiro de quatro jogos em 11 dias. “Calendário claramente exagerado”, diz Fernando Santos.
Uma das especificidades do Mundial de futebol deste ano, no Qatar, é que não acontece no Verão, mas não será por isso que vamos deixar de ter jogos durante a estação. Em vez do Campeonato do Mundo, temos a Liga das Nações, agora na sua terceira edição, a prolongar uma época longa e desgastante por mais duas semanas. Tal como todas as selecções europeias (e da CONCACAF), Portugal não escapa a este final de época intenso de quatro jogos em 11 dias, abrindo as “hostilidades” nesta quinta-feira, em Sevilha, frente à Espanha (19h45, RTP1), no Grupo 2 da Liga A. No domingo, defronta a Suíça em Alvalade, o mesmo palco onde irá ter pela frente a República Checa, na quinta-feira seguinte.
O carrossel termina no domingo que se segue, em Genebra, frente aos suíços. Depois vai toda a gente de férias e só voltamos a ouvir falar da Liga das Nações em Setembro. “Calendário claramente exagerado. Nunca aconteceu, penso eu, quatro jogos em 11 dias. Vamos jogar depois de uma época altamente desgastante”, é como Fernando Santos olha para estas duas últimas semanas da temporada. Um extra de competição para jogadores que já levam muito futebol nas pernas e é por isso que o seleccionador nacional fala da rotação como uma inevitabilidade: “É impossível apresentar o mesmo ‘onze’ em quatro jogos, nem pensar.”
Santos tem 26 jogadores à disposição, todos eles com muitos minutos acumulados ao longo da época – só dois deles não chegaram aos 2000 minutos de utilização, Domingos Duarte, central do Granada (1686), e David Carmo, central do Sp. Braga (1846). De todos, Rui Patrício, guardião da Roma, foi quem mais jogou (5310 minutos), titular em 54 dos 55 jogos da equipa de José Mourinho, que teve carreira longa nas competições europeias (ganhou a Liga Conferência). João Cancelo, lateral do Manchester City, foi o outro que ultrapassou os 5000 minutos em 2021-22 (5064), enquanto a grande maioria está na faixa dos 3000 e 4000.
Ou seja, a concentração de jogos em tão pouco tempo deixa a porta aberta para a estreia de mais dois internacionais – José Sá e David Carmo – e para consolidar a presença na selecção de jogadores como Rafael Leão (melhor jogador da época na Série A, apenas cinco presenças na selecção), Ricardo Horta (apenas uma vez internacional, e não foi com Fernando Santos) ou Vitinha (uma verdadeira revelação no FC Porto campeão).
Objectivo: vencer
Será, então, no Benito Villamarín, casa do Betis, que a selecção portuguesa inicia a campanha de retoma da Liga das Nações, competição que venceu na estreia do torneio em 2019 – na segunda edição não passou da fase de grupos. Terá pela frente uma Espanha que também procura regressar aos títulos dez anos depois de ter conquistado o seu último título europeu, e rectificar a derrota na última final da Liga das Nações – perdeu por 2-1 em San Siro com a França. Só o primeiro de cada grupo terá acesso à final four em Junho de 2023, cujo país organizador será um dos quatro semifinalistas.
Fernando Santos assume o objectivo de vencer a Liga das Nações uma segunda vez e não olha para esta competição como um ensaio para o Mundial. “O nosso objectivo em todas as provas é vencer. Não há aqui nenhuma preparação para o campeonato do mundo”, assinala Santos, considerando que Portugal tem de estar preparado para lidar com a especialidade da “roja”, a recuperação de bola: “O atributo mais forte da Espanha não é a posse de bola, é a capacidade que tem em recuperar a bola. Se eles não conseguem recuperar, também não a consegue ter.”
A Espanha terá de lidar com uma contrariedade de última hora, a lesão de Thiago Alcântara, que deixará o médio de fora dos quatro jogos da Liga das Nações em Junho. Mas Luis Enrique sente que a Espanha está preparada para mais um duelo ibérico, também com os olhos na conquista do torneio: “Conhecemo-los bem, estão bem organizados. Basta ver quanto custam os jogadores deles e os títulos importantes que ganharam. É uma selecção de altíssimo nível. Sermos vizinhos implica sempre rivalidade, mas creio que é uma rivalidade positiva, tendo em conta os projectos de futuro que temos, de querer organizar o Mundial. Os jogos têm sido sempre limpos e tenho a certeza que será um grande espectáculo.”