Descoberta proteína responsável pelo desenvolvimento dos linfócitos T

A proteína permite diversificar o reportório de linfócitos T, isto é, seleccionar uma população diversa de células capazes de responder a várias ameaças.

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Trabalho foi feito por uma equipa de cientistas em Portugal AXEL SCHMIDT/Reuters

Uma proteína responsável pelo desenvolvimento dos linfócitos T, essenciais na resposta do organismo a ameaças externas, foi descoberta por cientistas do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto.

Em comunicado desta quarta-feira, o i3S revela que o artigo científico, publicado na revista Autophagy, “abre portas à exploração de terapias dirigidas” àquela proteína, intitulada LAMP2, e cuja ausência diminui a resposta imunitária ao afectar a produção dos linfócitos T no timo (órgão regulador central da resposta imunitária). O desenvolvimento de novas terapias permitirá restaurar a função tímica em pessoas com problemas imunitários causados pela acção deficiente dos linfócitos T, como é o caso da população envelhecida e de pacientes imunocomprometidos.

A pandemia provocada pelo novo vírus SARS-CoV-2 demonstrou a importância de estarmos sempre equipados com um sistema imune composto por um reportório de linfócitos T diverso, que seja imunológica e funcionalmente competente para responder a qualquer nova ameaça”, refere o i3S. A criação dos linfócitos T, que são capazes de reconhecer todos os elementos estranhos, ocorre no timo, estando também dependente do microambiente fornecido pelo timo, que é “arquitectado e proporcionado pelas chamadas células epiteliais tímicas”. Foi precisamente nestas células que os investigadores descobriram a proteína LAMP2, que se veio a revelar essencial na regulação do desenvolvimento dos linfócitos T.

Citado no comunicado, o investigador Nuno Alves afirma que a proteína “permite diversificar o reportório de linfócitos T, isto é, seleccionar uma população diversa de células capazes de responder a várias ameaças”. Os resultados, salienta o investigador líder do Laboratório de Desenvolvimento e Função do Timo, “são verdadeiramente inovadores na área do desenvolvimento dos linfócitos T, pois permitem compreender melhor os mecanismos fundamentais que regulam o estabelecimento da imunidade conferido pelos linfócitos T”.

Ao mesmo tempo, a descoberta abre portas para a “possibilidade de explorar terapeuticamente a função da LAMP2 para restaurar a função tímica em indivíduos com doenças associadas a respostas T deficientes”. A equipa de investigadores vai agora tentar perceber se a função da proteína diminui com a idade e se o declínio da mesma contribui para a perda da diversidade das células T. “Se isso se comprovar, teremos uma oportunidade única para tentar restaurar terapeuticamente a função da LAMP2, e desta forma conseguirmos rejuvenescer a resposta imunológica de grupos de risco, como os indivíduos mais idosos ou pacientes imunocomprometidos, a novas infecções, cancro ou vacinas”, acrescenta.