Governo anuncia reforço humano e soluções tecnológicas para os aeroportos já a partir de Junho
O ministro da Administração Interna apresentou esta terça-feira um plano que inclui o reforço do controlo de primeira linha com 238 elementos e um sistema de triagem electrónica que permitirá aos passageiros registarem-se previamente.
O plano de contingência para os aeroportos vai avançar já no dia 2 de Junho e pretende fazer face às necessidades e desafios do país perante o aumento da procura prevista para o Verão, confirmou o ministro da Administração Interna, em conferência de imprensa transmitida em directo na sua conta do Twitter.
O plano, que começou a ser delineado no período da Páscoa e que será implementado de uma forma “gradual”, inclui três grandes pilares, sublinhou José Luís Carneiro. Por um lado, haverá um reforço muito “substantivo” dos recursos humanos, já a partir do dia 2 de Junho, com membros do SEF de todo o país, bem como com agentes da Polícia de Segurança Pública. Este reforço será aplicado nos aeroportos de Lisboa, do Porto e de Faro, assim como nos das ilhas.
Ao todo, serão mobilizados mais 238 elementos para apoiar o controlo de primeira linha, entre os quais 168 agentes da PSP, passando assim a haver 529 membros a trabalhar, no total, nos postos de fronteiras aéreos. Este reforço será feito de uma forma faseada nos aeroportos do país até ao dia 4 de Julho, dado ainda estarem em curso as formações dos agentes da PSP. A título de exemplo, em Faro, que receberá 45 membros, a medida arrancará no dia 2 e em Lisboa, que contará com mais 102 funcionários, será um dia depois, no dia 3. Já o aeroporto do Porto integrará mais 49, o de Funchal 24, o de Porto Santo apenas um e o de Ponta Delgada ficará com mais 11.
Por outro lado, o plano inclui também soluções tecnológicas e operacionais com o intuito de melhorar tanto as respostas imediatas como as de longo prazo. Segundo o documento de apresentação do plano de contingência a que o PÚBLICO teve acesso, haverá uma equipa de controlo móvel reforçada com uma componente tecnológica desenvolvida pelo SEF especialmente para o propósito, designada SEFMobile. A isto acresce um sistema de triagem electrónica que permitirá aos passageiros registarem-se previamente.
Para garantir o cumprimento destas medidas, será criada uma equipa que ficará responsável por uma monitorização diária e que procederá igualmente a uma avaliação dos resultados semanal de forma a “corrigir e efectuar mudanças gradualmente”.
José Luís Carneiro fez ainda questão de agradecer aos parceiros que contribuíram para que este plano fosse para a frente através de um “diálogo construtivo”. Alguns dos agradecimentos dirigiram-se aos ministros da Economia e do Mar e das Infra-estruturas e da Habitação, ao SEF e aos sindicatos dos trabalhadores — os quais “têm um papel decisivo para que este plano decorra como o previsto”, apontou o ministro —, assim como à ANA e à organização Turismo de Portugal.
O turismo foi justamente um dos principais aspectos focados pelo governante, que considerou que as perspectivas para este Verão são boas e que o número de turistas está a voltar aos níveis pré-pandemia. Portugal continua a ser “um bom país para visitar, viver e investir”, reitera. Mas este afluxo também traz desafios acrescidos, nota o ministro, como uma maior concentração de passageiros em horas específicas do dia que obriga os aeroportos a estar à altura de forma a conseguirem dar a resposta mais “eficiente” possível.
A decisão hoje aprovada, cujo objectivo é evitar os atrasos aquando do desembarque dos passageiros, já tinha sido anunciada pelo ministro no domingo, depois se ter verificado um bloqueio no aeroporto de Lisboa que obrigou cerca de 4500 passageiros de voos internacionais a esperar mais de quatro horas no controlo dos passaportes.
A razão do bloqueio deveu-se sobretudo a um plenário dos trabalhadores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, convocado entre as 9h e as 11h no domingo, precisamente “o período em que chega maior número de turistas” a Portugal, lamentou nesse dia José Luís Carneiro. À Lusa, o SEF disse que assegurou os serviços mínimos durante o plenário e que tinha avisado atempadamente a ANA para a possibilidade de constrangimentos.