Zverev conseguiu travar Alcaraz em Roland Garros

Nos quartos-de-final, na terra batida de Paris, o alemão obteve a melhor vitória da carreira em torneios do Grand Slam.

Foto
Alexander Zverev Reuters/GONZALO FUENTES

Alexander Zverev já esteve numa final de um torneio do Grand Slam e ainda noutras três meias-finais de majors, já conquistou 19 títulos desde 2016, incluindo cinco Masters 1000 e duas ATP Finals… mas só agora, aos 25 anos, conseguiu, pela primeira vez, derrotar um adversário do top 10 num “Slam”. E não foi um jogador qualquer. O alemão superou Carlos Alcaraz, que tem sido o grande dominador do circuito em 2022 e só tinha sofrido três derrotas nesta época.

“Na rede, disse-lhe que ele irá ganhar este torneio e não apenas uma vez, mas muitas. Só espero vencer uma vez antes que ele nos bata a todos e nós não tenhamos hipóteses”, revelou Zverev ainda no court, após a batalha de 3h18m, concluída com os parciais de 6-4, 6-4, 4-6 e 7-6 (9/7). Alcaraz ameaçou virar o encontro quando, a 5-4 do terceiro set, conseguiu finalmente quebrar o serviço do adversário. E quando Zverev serviu a 5-4 no quarto set e cedeu o segundo break — após efectuar um serviço a 119 km/h. Mas o alemão mostrou-se forte no tie-break e terminou com um winner de esquerda, a 152 km/h.

“O encontro estava a virar. Estou extremamente contente por ganhar o tie-break, por não ter de jogar um quinto set e não ficar desapontado após cinco sets como aconteceu no ano passado, nas meias-finais”, disse Zverev, referindo-se à derrota diante de Stefanos Tsitsipas, em 2021.

Alcaraz assinou 43 amorties e somou mais winners que Zverev (46 contra 39), mas cometeu mais erros directos (56 para 34). “Saio do torneio de cabeça erguida. Lutei até ao último ponto; estou orgulhoso”, afirmou o espanhol de 19 anos.

Embora contente, Zverev sabia que nas meias-finais vai ter de defrontar “o número um do mundo ou o detentor de 13 títulos em Roland Garros”. Ou seja, o vencedor do 59.º duelo entre Novak Djokovic e Rafael Nadal, que se disputa nesta noite.

Trevisan em alta

Nos primeiros quartos-de-final femininos, as duas teenagers envolvidas tiveram sortes distintas. Coco Gauff, de 18 anos, qualificou-se para a sua primeira meia-final de um Grand Slam, depois de derrotar Sloane Stephens (64.ª), por 7-5, 6-2. A mais jovem das norte-americanas foi mais agressiva a responder ao serviço da adversária, 11 anos mais velha, com um título do Grand Slam no palmarés (US Open, em 2017) e com uma vitória expressiva no duelo anterior, há oito meses, no Grand Slam americano.

“No ano passado, estava demasiado focada em cumprir as expectativas de outros. Mas não interessa se a minha carreira é boa ou má; eu penso que sou uma grande pessoa. Os resultados, o trabalho que fazemos ou o dinheiro que ganhamos não nos define como pessoa. Esta é uma mensagem para todos os jovens. Se nos amarmos a nós próprios, não interessa o que os outros pensam”, afirmou Gauff, a quinta jogadora na Era Open a chegar às meias-finais de Roland Garros antes de cumprir 19 anos, imitando Kim Clijsters (2001), Justine Hénin (2001), Nicole Vaidisova (2006) e Amanda Anisimova (2018).

Nas meias-finais, a campeã júnior de Roland Garros, em 2018 – com 14 anos – vai defrontar Martina Trevisan (59.ª) que, aos 28 anos, se estreia igualmente nesta fase de um major. No outro quarto-de-final, entre esquerdinas, a italiana beneficiou da lesão que Leylah Fernandez (18.ª) contraiu no pé direito e que a limitou na movimentação, uma das grandes qualidades da recém-finalista do US Open.

Mas a fibra da jovem canadiana ficou bem demonstrada quando Trevisan serviu a 5-4 do segundo set. A italiana dispôs de um match-point, mas Fernandez, ao anular essa oportunidade, tomou o ascendente do encontro, igualou a 5-5 e foi a melhor jogadora até concluir a partida. Trevisan, que tinha assinado duas duplas-faltas no tie-break, retomou no terceiro set do zero, perdeu somente um ponto nos três jogos iniciais e rapidamente chegou a 4-0.

No entanto, foi na terceira oportunidade em que serviu para fechar que Trevisan fechou com os parciais de 6-2, 6-7 (3/7) e 6-3 e se tornou na oitava italiana a atingir as meias-finais de um torneio do Grand Slam, a seguir a Maud Levi, Annalisa Bossi, Silvana Lazzarino, Francesca Schiavone, Sara Errani, Roberta Vinci e Flavia Pennetta.

“No primeiro match-point, senti-me muito nervosa, tensa. Senti em demasia que estava a um ponto das meias-finais. Depois desse momento, aceitei a situação”, explicou Trevisan, quarto-finalista também em 2020 – um resultado que já era um feito para a jogadora com um passado marcado por problemas pessoais, incluindo anorexia.
Só que desde esse jogo e até desembarcar em Marrocos, em meados de Maio, a italiana só tinha vencido cinco encontros no circuito principal. A partir daí, conquistou o torneio de Rabat e, agora, já vai numa série de 10 vitórias consecutivas.

Sugerir correcção
Comentar