Maioria das opiniões negativas sobre a Rússia de Putin está na Europa
Há grandes países asiáticos e árabes onde a visão sobre Moscovo continua positiva. Já a solidariedade com a Ucrânia é transversal: a maioria dos inquiridos numa sondagem defende que a NATO, os EUA e a UE deviam ajudar mais o país.
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A invasão da Ucrânia pela Rússia motivou uma polarização acentuada na forma como as populações em diferentes pontos do mundo olham para o regime liderado por Vladimir Putin. Na Europa e noutras democracias liberais, a opinião sobre Moscovo é esmagadoramente negativa, mas há muitos países onde a maioria se diz contra um corte de laços económicos com a Rússia. Já em vários países da América Latina, as opiniões surgem divididas. Este é o quadro global que resulta da sondagem anual realizada pela Alliance for Democracies, organização com sede em Copenhaga, na Dinamarca, para aferir as atitudes face à democracia.
Entre os 52 países incluídos neste Democracy Perception Index, há 31 que defendem o corte de relações económicas com a Rússia de Putin – destes, 20 são países europeus.
Por outro lado, a maioria das populações num total de 20 países não vê motivos para cessar esses laços por causa da guerra: a Grécia e Hungria são as excepções europeias, juntando-se ao Quénia, China, Israel, Egipto, Nigéria, Indonésia, África do Sul, Vietname, Argélia, Filipinas, México, Tailândia, Marrocos, Malásia, Peru, Paquistão e Arábia Saudita. O grupo inclui ainda a Turquia. Já na Colômbia, as opiniões dividem-se.
Cobrindo países da Europa, Ásia e América Latina, para além dos Estados Unidos, a sondagem realizada depois do início da guerra opõe os países europeus, onde sobressaem as opiniões negativa sobre a Rússia (e 55% dos inquiridos defende o embargo económico), à China, Índia, Indonésia, Egipto, Argélia, Marrocos, e Arábia Saudita, que encabeçam a lista de países onde as opiniões face à Rússia continuam a ser positivas.
Portugal é um dos países onde mais pessoas manifestam uma opinião negativa sobre o regime de Putin (79%), superado apenas pela Polónia (87%) e pela própria Ucrânia (80%). Seguem-se Suécia (77%), Itália (65%), Reino Unido (65%), EUA e Alemanha (ambos com 62%).
Na Hungria, cujo primeiro-ministro, Viktor Orbán, tem sido aliado do Presidente russo, há ainda assim 32% da população com uma visão negativa da Rússia, sublinha o diário The Guardian, que revela a sondagem. Já na Venezuela, país muitas vezes visto como apoiado pela Rússia, 36% da população também tem uma opinião negativa.
A diferença na forma como nestes países se olha para a Rússia não abala a simpatia que as populações expressam em relação à Ucrânia nem o facto de considerarem que a NATO, os EUA e a União Europeia deviam fazer mais para ajudar o Governo de Kiev.
Em termos globais, quase metade das pessoas inquiridas (46%) defende que deviam estar a fazer mais (e apenas 11% diz que já fazem demasiado). Na América Latina, são 62% os que dizem que a NATO fez muito pouco pela Ucrânia; na Europa, 43%, enquanto na China 34% diz que os EUA estão a fazer pouco pela Ucrânia.