Covid-19: Coreia do Norte pondera relaxar medidas antipandemia

Nas últimas 24 horas, Coreia do Norte anunciou 89.500 novos casos de pessoas com “febre” – termo usado pelo regime para casos suspeitos, devido à falta de capacidade de teste.

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Kim Jong-un, líder do Coreia do Norte, durante reunião Reuters/KCNA

O líder Kim Jong-un e outros altos funcionários da Coreia do Norte discutiram este domingo um possível levantamento das medidas implementadas para conter o primeiro surto confirmado de covid-19 no país, avançou a imprensa estatal norte-coreana.

A discussão na reunião do órgão político mais poderoso da Coreia do Norte sugere que Kim poderá em breve relaxar um conjunto de restrições, sobretudo devido à preocupação com a situação alimentar e económica do país.

Kim e outros membros do Politburo do Comité Central do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte “fizeram uma avaliação positiva da situação da pandemia que está a ser controlada e melhorada em todo o país”, disse a agência oficial de notícias norte-coreana.

Segundo a KCNA, os membros do Politburo “discutiram a questão de coordenar e aplicar de forma eficaz e rápida os regulamentos e directrizes antipandémicas, dada a actual situação estável”, disse a KCNA.

A Coreia do Norte anunciou este domingo ter registado nas últimas 24 horas cerca de 89.500 novos casos de pessoas com “febre” (um termo usado pelo regime para casos suspeitos, devido à falta de capacidade de teste).

O país já registou, desde o final de Abril, cerca de 3,4 milhões de casos desde que o país confirmou oficialmente, em 12 de Maio, a presença do SARS-CoV-2.

Os números que foram publicados apontam para uma propagação surpreendentemente rápida do novo coronavírus (13,6% da população nacional já teria sido infectada) e uma mortalidade invulgarmente baixa num país que não tem vacinas: apenas 69 mortes.

No sábado, a KCNA elogiou a resposta das autoridades ao novo coronavírus, que inclui confinamentos em municípios e centros de trabalho.

No entanto, imagens obtidas por satélite ou captadas a partir das fronteiras com a Coreia do Sul ou com a China sugerem que não houve confinamento e que os cidadãos teriam sido somente aconselhados a apenas sair de casa para trabalhar e quando fosse estritamente necessário.

Yang Un-chul, analista do Instituto Sejong, da Coreia do Sul, disse que as restrições devem ainda assim estar a causar um sério golpe à produção de carvão, à agricultura e a outros sectores que requerem mão-de-obra de forma intensiva.

Mas o analista disse que as dificuldades provavelmente não atingirão um nível que ameace a liderança norte-coreana, já que o surto de covid-19 e as restrições deram a Kim a oportunidade de aumentar o controlo sobre a população.