À atenção dos moradores da Grande Lisboa: o bê-a-bá da Carris Metropolitana
Novos autocarros começam a circular na quarta-feira, dia 1 de Junho, e vão implicar mudanças de numeração nos percursos e um período de adaptação dos passageiros que apanham autocarros em Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal. Este é um guia com as principais mudanças.
A par da redução tarifária que, em 2019, tornou mais acessível circular na Grande Lisboa, a melhoria do serviço do transporte rodoviário é condição essencial para garantir o “direito à mobilidade” e atrair para o transporte público de quem vive e trabalha na região. A partir de quarta-feira, está dado um passo nesse sentido, com o arranque da operação da Carris Metropolitana, a marca única que pintou os autocarros todos de amarelo, desenhou um novo mapa da rede, alterou números de linha, retirou percursos e acrescentou outros. Avança agora em alguns municípios da margem sul, e no início de Julho vai estender-se a todo o território. Eis um guia para que os passageiros não se percam.
O que muda a partir de 1 de Junho nos autocarros da Grande Lisboa?
É o início da operação de transporte rodoviário da Carris Metropolitana, que vai uniformizar todos os autocarros que circulam na Área Metropolitana de Lisboa (AML) e centralizar a operação. O que é que isto quer dizer? Que, embora sejam operados por diferentes empresas, os autocarros passarão a ser todos iguais, amarelos. Assim, a distinção entre Rodoviária de Lisboa, Vimeca ou Transportes Sul do Tejo vai desaparecer. Para já, os novos autocarros começam a circular em Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal e, a 1 de Julho, nos restantes município da AML.
Vai haver mais autocarros? E mais horários?
A ideia é que de facto isso aconteça. O novo desenho da rede prevê que a oferta seja aumentada em 35%, relativamente à existente. Serão introduzidas novas linhas — 160 em cerca de 820 —, mas esse reforço será feito, sobretudo, com mais horários, diz a Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), que vai coordenar a operação.
Isso quer dizer que a minha paragem ou percurso vai mudar?
Não exactamente, sem bem que a numeração das linhas será radicalmente diferente. Estão previstas algumas mudanças em paragens, embora a TML considere que essas terão pouca expressão no conjunto. Para o novo desenho da rede, os 18 municípios foram divididos em quatro grandes áreas: a área 1 integra Amadora, Oeiras e Sintra (mais Lisboa e Cascais), a área 2 Mafra, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira, a área 3 Almada, Seixal e Sesimbra e a área 4 Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal (mais Barreiro).
Cada linha terá agora quatro dígitos. O primeiro corresponde precisamente à área em que o concelho se localiza. Já o segundo identificará o concelho onde circula — ou se circula entre concelhos — e os dois restantes indicam a linha. Por exemplo, o autocarro 768, hoje operado pela Transportes Sul do Tejo, que circula entre Palmela (Terminal) e Vila Nogueira de Azeitão, vai passar a ser o 4550, uma vez que faz parte da área 4 e circula entre concelhos (5) da mesma área.
Os números dos autocarros que vão circular nos diferentes concelhos da área 4 começam assim:
- Alcochete (40XX)
- Moita (41XX)
- Montijo (42XX)
- Palmela (43XX)
- Setúbal (44XX)
- Circulam entre municípios da área 4 (45XX)
- Circulam para outros municípios fora da área 4 e Barreiro (46XX)
- Circulam para Lisboa e para outros municípios (47XX)
- Circulam para fora da AML (49XX)
A mesma lógica será aplicada às restantes áreas. Além do novo número, as linhas foram agrupadas quanto à sua extensão e estarão identificadas com uma cor: a Linha Próxima (carreiras de proximidade - azul), a Linha Longa (maioria das carreiras com serviço regular - vermelha), a Linha Rápida (ligações directas sobretudo em auto-estrada - amarela) e a Linha Inter-regional (para viajar para fora da AML - cor-de-rosa). Foram ainda criadas as linhas Praia (verde) e Turística (laranja), que serão ainda desenvolvidas.
Onde posso consultar as novas linhas? E os novos horários?
A informação estará disponível no site da Carris Metropolitana, que criou um “conversor” de linhas, a partir do qual os passageiros podem descobrir a nova numeração na qual normalmente viajam. E também disponibilizou os horários referentes aos municípios da área 4, podendo ser descarregado para o telemóvel. No final da semana passada, abriram também os primeiros espaços Navegante em Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal. Nesses espaços, funcionam serviços de apoio ao passageiro para esclarecimento de dúvidas, a adesão e carregamento dos passes. Tal como anteriormente, nos terminais Multibanco da região, nos pontos Navegante e nas redes de agentes habituais. A Carris Metropolitana disponibilizou também uma linha telefónica (210 418 800). As juntas de freguesia e as câmaras municipais deverão também fazer divulgação de novas linhas e horários.
Em Lisboa os autocarros vão também mudar?
Não. Na capital vai manter-se a operar a Carris, que é uma empresa municipal, e diferente da Carris Metropolitana. O mesmo acontecerá com os transportes municipais de Cascais e do Barreiro que também vão manter-se. O que se altera são as ligações a estes concelhos.
O serviço vai melhorar?
É essa a promessa. A par do reforço dos horários, a Carris Metropolitana tem como grande objectivo reforçar a fiabilidade e atrair mais pessoas. Claro está que, para tal, é preciso que cumpram os horários. Para isso, a TML está a trabalhar num sistema de monitorização em tempo real dos veículos, que admite não estar a 100% no início da operação devido à falta de componentes disponíveis no mercado. Haverá ainda 370 painéis informativos, com o tempo que falta para o próximo autocarro, que serão colocados em paragens, estações ou locais com muita afluência de pessoas e de transportes. Mas ainda não foram colocados.
E para quando uma app dos transportes?
Espera-se que até ao final do ano. Será uma app com a informação da Carris Metropolitana, horários e linhas, e vai permitir a validação do título de transporte com o telemóvel e a compra de viagens. A ideia é que a app vá também integrando informações de outros meios de transporte e empresas, para uma verdadeira circulação à escala metropolitana. Para tal, os validadores dos autocarros necessitam de tecnologia NFC, o que, no momento, ainda nem todos têm.
Estão previstas mudanças nos passes Navegante Municipal e Metropolitano?
Não. O preço de 30 e 40 euros vai manter-se, com as respectivas modalidades de desconto para estudantes e pessoas mais velhas.
E haverá mudanças no preço dos bilhetes ocasionais?
Sim. Com esta concentração de gestão do transporte rodoviário vão terminar 902 títulos de transporte, sobrando meia dúzia. Os preços vão variar consoante o tipo de linha: próxima, longa, rápida ou inter-regional. Serão mais baratos se forem comprados antes, como no sistema de zapping que existe, e mais caros a bordo do autocarro. Este é o novo preçário:
- Linha Próxima: 0,85 ou 1,25 euros
- Linha Urbana: 1,55 ou 2,60 euros
- Linha Rápida: 3,10 ou 4,50 euros
- Linha inter-regional: entre 2,60 ou 3,60 euros comprado a bordo, caso a carreira saia da AML
Os autocarros vão ser novos?
Muitos serão, embora sejam também aproveitados alguns antigos. A Carris Metropolitana terá uma frota de cerca de 1600 veículos, dos quais 1400 serão novos ou terão menos de um ano. Será uma mudança significativa, uma vez que a idade média da frota actual ronda os 15 anos. No anúncio do arranque da operação, em Abril passado, foi deixado o compromisso de cerca de 5% da frota inicial ser movida a combustíveis limpos, devendo essa percentagem crescer ao longo dos anos.
O que é a Transportes Metropolitanos de Lisboa?
A TML foi criada em 2020, na sequência do concurso público internacional lançado em 2019 para assegurar o transporte rodoviário na Grande Lisboa por sete anos, no valor de 1,2 mil milhões de euros. Foi fundada pela AML, que a detém a 100%, para gerir o serviço público de transporte rodoviário, que operará sob a marca Carris Metropolitana. No entanto, apesar de os autocarros estarem todos uniformizados e a sua gestão centralizada, o serviço continuará a ser prestado por empresas de transporte. Estas terão agora de prestar contas à TML, que prevê penalizações caso não cumpram o estipulado no caderno de encargos. Na área 1, os autocarros são responsabilidade da Viação Alvorada, na área 2 da Rodoviária de Lisboa, na área 3 da Transportes Sul do Tejo e na área 4 da Alsa Todi.
Uma das primeiras acções da TML foi alterar a imagem dos passes que se vendem na Grande Lisboa. Se fez um passe há poucos meses, já não recebeu o antigo cartão verde Lisboa Viva, mas sim o Navegante.