TAP baixa prejuízos para 121,6 milhões no primeiro trimestre
A presidente executiva, Christine Ourmières-Widener, fala de “progressos significativos na execução” do plano de reestruturação, com um EBITDA positivo, mas acrescenta que esta é uma conquista “ainda frágil”.
Numa conjuntura de retoma da procura por viagens aéreas, a TAP assistiu a uma melhoria em vários dos seus indicadores, mas não conseguiu descolar dos prejuízos, que se fixaram nos 121,6 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano. Este valor compara com as perdas de 365,1 milhões registadas em idêntico período de 2021, que contou com muitas restrições à circulação por causa da pandemia de covid-19.
Em comunicado emitido esta sexta-feira, a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, fala de “uma clara recuperação da procura” entre Janeiro e Março, “com as reservas actuais a levarem-nos a ser cautelosamente optimistas para a época de Verão”. “Os progressos significativos na execução do nosso plano de reestruturação permitiram-nos gerar um EBITDA [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] positivo, que se mostrou superior ao nível pré-crise pandémica no primeiro trimestre de 2019”, refere a gestora.
De acordo com as contas da TAP, o EBITDA foi de 58,1 milhões. Mesmo assim, acrescenta Christine Ourmières-Widener, esta é “uma conquista relevante, mas ainda frágil”. “Estamos cientes do longo caminho, repleto de desafios que temos pela frente”, remata.
O EBIT (lucro antes de juros e impostos) manteve-se negativo, embora os rendimentos operacionais, no valor de 490,6 milhões, se tenham aproximado dos custos operacionais, no valor de 552,7 milhões. Em termos de tendência, verifica-se que, comparado com o quarto trimestre de 2021, período em que foram transportados mais passageiros, há uma ligeira descida da factura com combustível e com as operações de tráfego, mas sobe a rubrica de despesas com pessoal.
Esta última passou de 78,4 milhões para 81,1 milhões no período em análise, tendo a empresa, depois de uma forte redução de pessoal, voltado a recrutar tripulantes de cabine num processo que deverá terminar este mês de Maio. No final de Março, a TAP contava com 6698 trabalhadores no activo, mais 72 do que no final de Dezembro. Em termos de frota, e depois da perda líquida de uma aeronave, a companhia aérea detinha 93 aviões.
Além dos cortes adicionais que existem nos pilotos e nos técnicos de manutenção associados do Sitema, os trabalhadores sofrem uma descida de 25% nos seus salários, que dura até ao final de 2024 mas que está a ser mais contestada devido à recuperação do sector.
No comunicado das contas do primeiro trimestre, a presidente executiva adianta que o “esperado aumento da capacidade no Verão trará, provavelmente, desafios operacionais para toda a indústria, incluindo fornecedores de infra-estruturas, tais como aeroportos, controlo de tráfego aéreo, serviços em terra ou controlo de fronteiras, uma vez que alguns já enfrentam dificuldades para lidar com os níveis de actividade mais elevados”. “Acrescenta-se ainda”, diz, “os preços de combustível mais elevados, o que significa que não podemos descansar e que devemos manter-nos focados em melhorar a nossa estrutura de custos de forma sustentável”.
Ao todo, desde o início de 2020, a TAP já perdeu 2951,1 milhões de euros. O menor prejuízo foi registado no terceiro trimestre de 2020, com perdas de 118,7 milhões, seguindo-se os prejuízos de 121,6 milhões agora apresentados. Já a pior performance foi a do último trimestre do ano passado, com perdas de 971,5 milhões, devido a custos extraordinários onde se destaca os efeitos negativos do fim da operação de manutenção no Brasil.