Tânia Chaves conquista primeira medalha para Portugal na Taça do Mundo de escalada adaptada

Tânia foi diagnosticada com um osteossarcoma e teve de amputar a perna aos 14 anos. Em cinco anos, tornou-se uma das melhores na sua categoria: sonho máximo é representar Portugal nos Paralímpicos.

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Tânia Chaves conquistou medalha nos Estados Unidos Nelson Garrido/Arquivo

Tânia Chaves conquistou, esta quarta-feira, a primeira medalha para Portugal na Taça do Mundo de escalada adaptada, ao carimbar o terceiro lugar na prova que se realizou em Salt Lake City, nos Estados Unidos da América.

A atleta de 26 anos regressa a Portugal esta sexta-feira e traz na bagagem uma medalha de bronze inédita na competição, que reúne os melhores atletas da escalada adaptada. “O meu objectivo era poder ir à final e consequentemente ao pódio, mas não esperava consegui-lo. Ainda não estava muito confiante de que seria possível”, admite a atleta do Clube de Escalada de Braga, em conversa com o PÚBLICO por telefone.

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Tânia (à direita) na cerimónia do pódio da Taça do Mundo DR

Tânia teve de amputar a perna esquerda aos 14 anos, depois de lhe ter sido diagnosticado um osteossarcoma (tumor ósseo) na tíbia. A adversidade não lhe colocou qualquer espécie de travões físicos ou sociais: há cinco anos, dava os primeiros passos no universo da escalada competitiva. Logo no primeiro treino, o treinador reconheceu potencial na jovem e decidiu que ela estaria, um dia, entre os melhores do mundo nesta modalidade.

“Ouvi dizer que o clube de Braga tinha uma competição anual para pessoas com adaptações e decidi experimentar. Fiz o meu primeiro treino e, logo aí, o treinador disse que me queria levar aos Mundiais. Começámos a trabalhar para isso desde esse momento inicial. Cativou-me o do facto de, neste desporto, termos de trabalhar não só o corpo, mas também a mente: temos de ler as vias, decidir que passos podemos tomar, o melhor caminho a traçar”, detalha a jovem.

A mais recente conquista de Tânia prolonga um registo vitorioso iniciado em 2021, ano em que se sagrou tricampeã nacional de escalada adaptada na categoria AL2 (amputação de membro inferior), conseguindo ainda um terceiro lugar nas provas da Taça do mundo em Innsbruck e Briançon e um segundo lugar no Campeonato do Mundo em Moscovo.

Através de uma campanha online de angariação de fundos, a jovem conseguiu juntar o dinheiro necessário para participar na competição que decorreu nos Estados Unidos. “O Governo não nos reconhece como Atletas Internacionais devido a um diferendo entre federações que dura há mais de 20 anos”, explicou no momento em que iniciou a campanha. A história da jovem foi partilhada nas redes sociais e Tânia conseguiu angariar os 2500 euros necessários para poder marcar presença nas três provas da Taça do Mundo.

Ainda nem 48 horas se passaram desde a mais recente conquista, mas Tânia já teve tempo para traçar novos objectivos. O maior não depende inteiramente de si, mas a crença de que será possível lá chegar faz o esforço valer a pena. “O sonho mais alto seria ir aos Jogos Paralímpicos, se conseguirmos que a escalada entre nesta prova. Até lá, quero simplesmente continuar a ganhar medalhas e a melhorar o meu rendimento”, resume.

No calendário da jovem seguem-se agora as duas últimas provas da Taça do Mundo: a competição muda-se para Innsbruck (Áustria) entre 21 e 23 de Junho, com o encerramento a acontecer em Villars (Suíça), nos dias 8 e 9 de Julho.

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