Nuno desenvolveu um gestor de palavras-passe seguro e 100% offline
Para evitar que as credenciais ficassem memorizadas na Internet, Nuno Mota criou um dispositivo que cria senhas exclusivas para cada pessoa. Dentro de duas semanas vai ser lançada uma campanha de crowdfunding para colocar o Guardian no mercado.
Um jovem empreendedor de Coimbra está a desenvolver um gestor de palavras-passe seguro e 100% offline, que cria um conjunto de senhas exclusivas para cada pessoa e é compatível com telemóveis, tablets e computadores.
Em declarações à agência Lusa, o engenheiro informático Nuno Mota explicou que este mecanismo – o Guardian – começou a ser pensado há cerca de um ano, para dar resposta a uma necessidade pessoal. “Sempre quis passwords longas e diferentes para todos os meus serviços online e, se tivermos em conta que as pessoas agora têm mais de 37 contas em média, a solução é pedir aos nossos dispositivos para se lembrarem de tudo. No entanto, estes dispositivos estão ligados à internet a tempo inteiro e eu não gostava de ter as minhas credenciais online”, contou.
A solução passou por desenvolver um produto que criasse e memorizasse passwords que não estivessem memorizadas numa cloud online, e que, ao mesmo tempo, funcionassem em todos os dispositivos: computador, tablet e telemóvel.
“Ainda precisamos de desenvolver o Guardian mais um pouco, por isso vamos lançar, dentro de duas semanas, uma campanha de crowdfunding. Esperamos angariar cerca de 75 mil euros para contratar uma pessoa e assim acelerar todo o processo de desenvolvimento”, destacou.
O proprietário da Missing Link, uma pequena startup incubada no Instituto Pedro Nunes (IPN), em Coimbra, evidenciou que até agora têm “subsistido de contratos de consultadoria”. “Esta campanha ditará se conseguimos fazer pivot para o mercado de privacidade, onde sempre quisemos estar”, acrescentou.
Nuno Mota, de 27 anos, revelou ainda que está a trabalhar num outro dispositivo para tornar a Internet mais privada: o Nexus. “O Nexus é uma solução que me permite ligar a uma rede privada, que está fechada entre os meus dispositivos. É um serviço à semelhança de uma cloud, mas é a minha própria cloud, onde não corro o risco que algo saia”, sustentou.
Os dispositivos que constituem o Nexus criam uma rede privada entre si, disponibilizam alternativas a serviços convencionais protegidos dentro dessa rede, “só dando acesso a quem tiver acesso físico a um dispositivo relay [interruptor electromecânico responsável por ligar ou desligar dois circuitos]”.
“Nem a Missing Link tem acesso ao que se passa dentro das suas redes do Nexus. Os indivíduos confiáveis comunicam como se estivessem dentro da mesma rede privada”, concluiu.