Hipotiroidismo: relação médico-doente é crucial no diagnóstico e tratamento
Uma boa relação entre médico e doente é fundamental para um correcto diagnóstico e tratamento do hipotiroidismo, doença muito frequente na idade adulta, sobretudo entre mulheres na pós-menopausa. Conversámos com o endocrinologista João Jácome de Castro, presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo sobre o tema.
Estima-se que os distúrbios da tiróide atinjam cerca de um milhão de portugueses, mas o desconhecimento sobre as doenças que afectam esta glândula, localizada na base do pescoço, é ainda grande. Por isso mesmo, nesta Semana Internacional de Sensibilização para a Tiroide, assinalada entre os dias 22 e 28 de Maio, a Merck lança a campanha “Falas a Linguagem da Tiróide?”, com o objectivo de chamar a atenção para a necessidade de comunicar mais e melhor sobre os sintomas destas doenças e tratamentos prescritos. Uma boa relação médico-doente é fundamental, pois só assim será possível conseguir diagnósticos mais precoces e tratamentos ajustados às necessidades de cada um. Isto mesmo é sublinhado pelo endocrinologista João Jácome de Castro, presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, durante uma conversa conduzida pela jornalista Andreia Vieira, com vista a esclarecer sobre o hipotiroidismo. Esta é uma das doenças da tiroide mais frequentes – atinge cerca dos 2% de adultos – sabendo-se que 10 a 15% das mulheres na pós-menopausa sofrerão deste distúrbio.
Sintomas diversos podem dificultar o diagnóstico
Entre os sintomas associados ao hipotiroidismo destacam-se a alteração de peso (em geral, aumento) cansaço, tendência depressiva, unhas quebradiças, queda de cabelo, obstipação, alterações menstruais, diminuição do ritmo cardíaco, entre outros, o que, nas palavras de João Jácome de Castro, leva a que as pessoas acabem por procurar “médicos de várias especialidades”, atrasando ou dificultando muito o diagnóstico. Nesse sentido, chama a atenção para que os médicos de todas as especialidades, nomeadamente de Medicina Geral e Familiar, pensem no hipotiroidismo quando estiverem perante aqueles sintomas. “Nós, médicos, existimos para tratar as doenças, mas só tratamos aquilo que diagnosticamos e só diagnosticamos aquilo de que nos lembramos e só nos lembramos daquilo que conhecemos. Portanto, a primeira coisa é estar atento”, salienta.
Por outro lado, o clínico sublinha também a necessidade de o profissional de saúde dispor de tempo “para falar com o doente, para criar uma relação médico-doente favorável”. “Essa relação é determinante, não só na colheita da história, no elaborar do diagnóstico, mas depois, além disso, é fundamental para tratar, para que o doente vá aderir à terapêutica, para que o doente faça os exames que lhe propomos, para que o doente se sinta confortável”, reforça o endocrinologista, que é também director de saúde militar no Hospital das Forças Armadas, em Lisboa.
Nas suas palavras, o hipotiroidismo “é uma doença que não é grave, é fácil de diagnosticar, fácil de tratar bem” e a adesão à terapêutica é igualmente descomplicada, mas apenas “se houver uma boa comunicação médico-doente”, adverte, o que justifica a pertinência da campanha lançada pela Merck, com vista a sensibilizar para a necessidade de evitar que a informação veiculada pela equipa médica seja mal entendida pelos doentes com disfunções da tiróide.