Quinta final europeia pode garantir a José Mourinho registo único

AS Roma e Feyenoord defrontam-se na noite desta quarta-feira, em Tirana, na primeira final da Liga Conferência. Português pode tornar-se o primeiro treinador a conquistar as três provas actualmente organizadas pela UEFA.

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José Mourinho no último treino da AS Roma antes da final da Liga Conferência Reuters/ALBERTO LINGRIA

O primeiro vencedor da Liga Conferência, prova que surge na hierarquia da UEFA como sendo a menos importante, será conhecido na noite desta quarta-feira. Num palco exótico q.b. – a moderna Arena Kombëtare, em Tirana , a partir das 20h, estarão frente a frente duas equipas com pedigree no futebol europeu (AS Roma e Feyenoord) e há um português que pode fazer história: José Mourinho, que com a presença na Albânia já é o primeiro treinador a chegar a finais europeias com quatro clubes diferentes ganhou todas e pode tornar-se o primeiro a conquistar as três competições europeias actualmente organizadas pela UEFA.

“O currículo de Mourinho assusta.” As palavras de Arne Slot, treinador do Feyenoord, na antevisão da primeira final da Liga Conferência podiam ter sido de circunstância, como é regra no futebol quando se antevê um duelo com um adversário. Porém, Slot, que na primeira época como treinador do Feyenoord ficou em terceiro lugar no campeonato dos Países Baixos, bem atrás do Ajax, de Erik ten Hag, e do PSV, de Roger Schmidt, tem todos os motivos para se mostrar receoso com o currículo do rival.

A vitória na eliminatória frente ao Leicester, na meia-final da Liga Conferência, garantiu a Mourinho a quinta final europeia e tornou o setubalense o primeiro treinador a chegar a finais europeias com quatro clubes diferentes: FC Porto (Taça UEFA 2002/03; Liga dos Campeões 2003/04), Inter de Milão (Liga dos Campeões, 2009/10), Manchester United (Liga Europa, em 2016/17) e AS Roma (Liga Conferência, em 2021/22).

Agora, em Roma, Mourinho, para além de ter a possibilidade de acumular vitórias em todas as provas da UEFA, terá a oportunidade de garantir ao clube da capital italiana a primeira conquista europeia dos últimos 60 anos: na época 1960/61, os “giallorossi” ganharam a já extinta Taça das Cidades com Feiras. Depois disso, em 1983/84, na antiga Taça dos Clubes Campeões Europeus, os romanos perderam a jogar em casa a final contra o Liverpool, no desempate por grandes penalidades (3-5). Sete anos mais tarde, a AS Roma esteve presente na final da Taça UEFA, onde foi derrotada pelo Inter de Walter Zenga, Andreas Brehme, Lothar Matthäus e Jürgen Klinsmann que, quatro meses depois, seria afastado da mesma prova pelo Boavista de Manuel José.

Garantindo que, aconteça o que acontecer em Tirana, vai considerar que a sua primeira época em Roma “foi positiva”, Mourinho, que deverá alinhar de início com Rui Patrício e Sérgio Oliveira, afirmou ontem, na capital albanesa, que não haverá “nada de especial a fazer”: “Seremos apenas nós, como equipa, sabendo as qualidades que temos e as limitações que temos.”

Quase duas décadas depois de vencer com o FC Porto em Sevilha a última edição da Taça UEFA, Mourinho garante estar “mais maduro e estável” e, por isso, pensa “mais nos outros”, do que em si: “Quando chegas a uma final após uma época de trabalho, o trabalho está feito. Agora é o momento da equipa, não o momento das individualidades.”

Com a preparação para a final desta quarta-feira feita em Lagos – os neerlandeses viajaram do Algarve para Tirana na segunda-feira , o Feyenoord também tem andado arredado das grandes decisões internacionais, mas tem mais currículo europeu do que a AS Roma: venceu a Taça dos Clubes Campeões Europeus (1969/70) e a Taça UEFA (1973/74 e 2001/02).

Sem qualquer derrota na fase de grupos e nas eliminatórias (oito vitórias e quatro empates), a equipa de Arne Slot vai jogar, se não houver nenhuma surpresa, no habitual 4x2x3x1, com o internacional nigeriano Cyriel Dessers a apresentar-se como a principal ameaça a Rui Patrício: o avançado nascido na Bélgica marcou 10 golos em 12 jogos nesta edição da Liga Conferência.

Para Slot, no entanto, os romanos têm “um treinador que é conhecido por vencer muitas finais”, “sabem preparar-se bem para este tipo de jogos” e têm um plantel repleto de qualidade: “Mourinho pode olhar para o banco e ainda vê grandes jogadores.”

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