Prémios para a inovação: dos restos de peixe a fungos, passando pela dieta e microscópios
Quatro projectos científicos do Instituto Gulbenkian de Ciência e do Instituto de Tecnologia Química e Biológica receberam até 50 mil euros.
Quatro projectos de cientistas do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) e do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB) da Universidade Nova de Lisboa foram distinguidos na primeira edição do Fundo de Prova de Conceito InnOValley. Cada um dos projectos recebe até 50 mil euros.
O Fundo de Prova de Conceito InnOValley é uma iniciativa da Unidade de Inovação InnOValley, que é partilhada entre o IGC e o ITQB. Esta é uma parceria entre estas instituições científicas e o Município de Oeiras. O valor do financiamento desta primeira edição foi de 200 mil euros e foram submetidas 14 candidaturas.
Vejamos os quatro projectos distinguidos.
“Democratizar a ciência” com um microscópio
Simão Coelho lidera um projecto de imagiologia de alta-resolução de localização de moléculas individuais através da impressão a três dimensões. Com o seu projecto, o cientista do IGC quer “democratizar a ciência com a produção de um microscópio impresso em 3D capaz de captar imagens em super-resolução e que é facilmente configurável para responder às necessidades em estudo”, refere-se numa nota sobre os projectos.
E porque diz que quer “democratizar a ciência”? A microscopia de super-resolução tem contribuído para o crescimento do conhecimento científico na área da biologia celular, mas está ligada a custos elevados. Ao projecto de Simão Coelho perspectiva-se que estejam associados o baixo custo, a facilidade de montagem ou o tamanho reduzido.
Composto contra infecções por Candida grabrata
Já no projecto liderado por Ana Petronilho pretende-se desenvolver complexos de níquel muito selectivos para o tratamento de infecções pelo fungo da espécie Candida glabrata. As infecções com este fungo são muito comuns entre pessoas hospitalizadas e têm taxas altas de mortalidade ou custos nos cuidados de saúde. A equipa da investigadora do ITQB descobriu um novo composto que é capaz de actuar contra esta espécie de fungo e que não mostrou ser tóxico para células de mamífero in vitro. Agora, pretende-se alargar este estudo deste composto para se atrair a indústria farmacêutica. Espera-se assim abrir novas possibilidades para o tratamento da candidíase invasiva.
Acesso a uma dieta mais saudável
Rita Abranches, do ITQB, lidera um projecto em que se explorará o potencial de culturas de células vegetais como alternativa de produção biológica de carotenóides (um grupo de pigmentos naturais reconhecidos como compostos bioactivos benéficos para a saúde) e isto de uma forma rentável e amiga do ambiente, indica-se no comunicado. “Serão uma fonte natural, com uma tecnologia verde, mais barata, de fácil manutenção de um produto final de alta qualidade.” Numa altura em que há uma procura crescente de carotenóides de fontes naturais, espera-se assim que este projecto possa contribuir para o acesso a uma dieta mais saudável.
Transformar resíduos de peixe em produtos de alto valor
Num outro projecto distinguido, Elin Moe, também do ITQB, está a produzir colagenase a partir de uma bactéria marinha que degrada o colagénio da pele do atum. “Neste projecto, propõe-se a caracterizar os diferentes péptidos resultantes desta colagenase de modo a poder oferece-los a diferentes mercados”, refere-se no comunicado. Com isto, poderá ser possível aproveitar os desperdícios da indústria de conserva e transformá-los em produtos de alto valor.