Varíola-dos-macacos: Portugal já tem 37 casos e ECDC define que risco de transmissão é baixo
Pela primeira vez, os casos confirmados localizam-se também no Norte e Algarve, além da região de Lisboa e Vale do Tejo. Continente europeu ultrapassa chega às 150 pessoas infectadas com varíola-dos-macacos, mas ECDC sublinha que o risco de transmissão é baixo para a população
A Direcção-Geral da Saúde (DGS) confirmou, esta segunda-feira, que foram identificados mais 14 casos de de varíola-dos-macacos (também conhecido como VMPX, vírus monkeypox). São agora 37 casos em todo o país e aguardam-se resultados relativamente a outras amostras. Pela primeira vez há casos fora da região de Lisboa e Vale do Tejo, com pessoas infectadas nas regiões do Norte e Algarve.
Apesar de a DGS considerar o risco de transmissão como “muito baixo”, numa nota enviada aos profissionais de saúde na passada sexta-feira, a detecção de casos fora da região de Lisboa e Vale do Tejo indica que o contágio não foi circunscrito. O Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) publicou esta segunda-feira uma Avaliação de Risco relativa à transmissão de monkeypox na União Europeia e no Reino Unido, onde define que o risco de transmissão entre a população é baixo. Na mesma nota, classificam o risco como moderado, no caso de pessoas com múltiplos parceiros sexuais.
Até ao momento, não existe informação resultante dos inquéritos epidemiológicos, continuando por conhecer a origem (ou as origens) deste surto.
Neste momento há 15 países fora do continente africano (onde o VMPX é endémico nalguns países, como a República Democrática do Congo ou a Nigéria) com casos identificados deste vírus, ainda que não haja uma explicação para o aparecimento de vários surtos espalhados pelo mundo ao longo da última semana. A Europa, com estes novos 14 casos identificados, atinge os 150 infectados no continente. Dinamarca e Escócia foram os últimos a confirmar a presença do vírus, com o anúncio de um caso em cada um dos países.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou esta segunda-feira que não existe evidência científica de que o VMPX tenha registado mutações que lhe permitam ser mais transmissível. No entanto, Rosamund Lewis, responsável da pasta da varíola da OMS, acrescentou que as análises ao genoma do vírus ajudarão a compreender os actuais surtos.
“Entre as amostras disponíveis, foi identificada, através de sequenciação, a clade (subgrupo do vírus) da África Ocidental, que é a menos agressiva”, pode ler-se no comunicado da DGS. A informação confirma os resultados da primeira sequenciação em Portugal, que também identificava este subgrupo do vírus numa amostra identificada no início de Maio. Os casos em Portugal já estão identificados há cerca de três semanas, apesar de só na passada quarta-feira terem sido confirmados os primeiros infectados em Portugal.
ECDC define baixo risco de transmissão
O documento publicado pelo ECDC esta segunda-feira não traz muitas novidades para além da avaliação de risco. De acordo com a entidade europeia, no surto actual de VMPX, a natureza das lesões indica que nalguns casos o contágio ocorreu durante sexo, para além da transmissão através do contacto com material infectado pelas lesões na pele e também de gotículas pelo contacto próximo prolongado. A hipótese de contágio por um animal importado parece estar, para já, afastada, dado que o ECDC afirma que não foi reportado qualquer animal infectado na União Europeia.
Como já tinha referido na semana passada, o ECDC recomenda que a vacina contra a varíola humana seja considerada nos contactos próximos com um risco acrescido de doença severa. O alerta também dado para a identificação rápida de possíveis infectados e rastreio de todos os contactos com casos confirmados. O isolamento dos infectados até que as crostas das lesões desapareçam também é recomendado (algo já recomendado pela DGS).
O ECDC indica ainda que todos os contactos próximos devem adiar doações de sangue, órgãos ou medula óssea por um período mínimo de 21 dias depois da exposição.
O organismo europeu atenta ainda que os profissionais de saúde devem usar equipamento de protecção adequado, como máscaras FFP2 e luvas, nos contactos com casos suspeitos ou confirmados – algo também já aplicado pela DGS.
Os sintomas de varíola-dos-macacos são geralmente leves e não causam doença grave na maioria dos infectados. No entanto, os primeiros sintomas incluem febre, arrepios, dor de cabeça, dores musculares, o inchaço dos nódulos linfáticos ou cansaço extremo. Um sintoma comum, entre um e cinco dias após a febre, é o desenvolvimento de erupções cutâneas na cara e no corpo.