Vacinas contra a covid-19 terão de ser actualizadas, dizem peritos

Actualmente Portugal recomendou uma segunda dose de reforço às pessoas com 80 e mais anos. O processo já está a decorrer nos lares.

Foto
Lares já estão a vacinar pessoas com 80 e mais anos Paulo Pimenta

Com o surgimento de várias variantes que se têm tornado dominantes, vários especialistas consideram que será necessário actualizar as actuais vacinas contra a covid-19 para a altura do Inverno. “As vacinas estão no fim de vida. Já temos cinco variantes, várias linhagens, e já deveríamos ir na quinta vacina diferente. Mas o que temos é uma vacina para a variante ancestral, já com quase dois anos”, disse ao Expresso o pneumologista Filipe Froes, numa notícia publicada esta sexta-feira.

Para o médico, que esteve à frente do gabinete de crise para a pandemia da Ordem dos Médicos, “o actual reforço que está a ser dado tem a vantagem de aumentar a protecção durante três a quatro meses, mas a partir de Outubro ou Novembro tem de ser uma vacina nova”. “Esta já não vai servir para nada”, afirmou, considerando que a vacina contra a covid “terá de ser actualizada para as variantes em circulação, como se faz anualmente para a gripe”.

Ao mesmo jornal, o investigador do Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Faculdade de Medicina de Lisboa Miguel Castanho lembrou que “a Organização Mundial da Saúde e a autoridade de Saúde dos EUA, FDA, já manifestaram publicamente a posição de considerarem insustentável reforços de vacinação contínuos com a mesma vacina”. “Quando tivermos vacinas actualizadas para as variantes dominantes, o reforço de vacinação terá pleno sentido”, disse, considerando que só fará sentido voltar a vacinar toda a população quando houver uma vacina de segunda geração que possa ter mais efeito na redução da transmissibilidade do vírus.

Novas vacinas a curto prazo?

Numa entrevista recente ao PÚBLICO, João Paulo Gomes, microbiologista do Instituto Ricardo Jorge, disse que será de esperar que a curto prazo possam existir novas vacinas. “É previsível que a curto prazo existam vacinas polivalentes, que façam combinações de várias linhagens ou variantes a circular”, afirmou, referindo que os laboratórios farmacêuticos têm trabalhado nesta área, mas que o vírus tem sido mais rápido na sua mutação.

“As farmacêuticas chegaram a ter pronta uma vacina para a variante Delta, mas, quando estaria pronta a ser comercializada, a Delta desapareceu. Depois fez-se uma adaptação para a Ómicron, mas, quando estaria pronta, esta deixou de circular. O vírus está a ser mais rápido [do que as farmacêuticas]”, afirmou. “As vacinas não estão a proteger contra infecção, mas estão a proteger contra a hospitalização. Naturalmente que não é uma boa notícia sabermos que podemos ser reinfectados. Mas as boas notícias são que os números das hospitalizações têm estado mais ou menos estáveis nos últimos tempos”, salientou João Paulo Gomes.

Também a directora-geral da Saúde Graça Freitas afirmou, em entrevista à TVI, que as vacinas em utilização continuam a ser capazes de “evitar doença grave”, com uma “efectividade” elevada. Embora o mesmo não aconteça com a eficácia a prevenir a transmissão. Por isso, recomendou que as pessoas usem máscara “em ambientes fechados e aglomerados”.

Actualmente Portugal recomendou uma segunda dose de reforço às pessoas com 80 e mais anos. O processo já está a decorrer nos lares.

Sugerir correcção
Ler 4 comentários