Rússia deixará de enviar gás para a Finlândia a partir de sábado

A empresa estatal de gás finlandesa não obedeceu à ordem do Kremlin de pagar pelos seus serviços em rublos e já prometeu o bloqueio das exportações de gás para o país.

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Edifício da Gazprom, em São Petersburgo, Rússia EPA/ANATOLY MALTSEV

​A Rússia informou esta sexta-feira a Finlândia que vai interromper os fluxos de gás natural para o país já a partir da manhã do próximo sábado.

Num comunicado da empresa de gás estatal finlandesa, Gasum, é referido que esta se recusou a pagar à Gazprom Export, da Rússia, em rublos, como Moscovo tinha previamente exigido aos países europeus. Como consequência, o Kremlin terá tomado esta decisão, perante a qual o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse, numa conferência de imprensa, que a Rússia não iria “fornecer gás à Finlândia gratuitamente.”

O CEO da Gasum, Mika Wiljanen, por sua fez, referiu num outro comunicado citado pela Reuters: “É altamente lamentável que o fornecimento de gás natural sob o nosso contrato de fornecimento seja agora interrompido.”

“No entanto, temos estado a preparar-nos cuidadosamente para esta situação e desde que não haja interrupções na rede de transporte de gás, poderemos fornecer gás a todos os nossos clientes nos próximos meses”, concluiu. A Finlândia importou cerca de 2200 milhões de metros cúbicos de gás natural em 2021, 92% da Rússia, embora este combustível represente apenas 5% de toda a energia consumida no país nórdico.

No mês de Abril, a Gazprom exigiu que a Gasum e outras empresas energéticas europeias começassem a pagar o gás em rublos em vez de euros, na sequência de ordens do Kremlin para contornar parte das sanções financeiras impostas pela UE em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia.

A Gasum avisou na passada terça-feira que se recusava a fazer este tipo de pagamentos e anunciou que levaria o caso à arbitragem internacional. A Gasum, propriedade do Estado finlandês, é também o maior fornecedor de biogás nos países nórdicos e tem operações na Finlândia, na Suécia, na Noruega e na Alemanha.

Surgem estes entraves depois do passado dia 18 de Maio, considerado “histórico” pelo secretário-geral da Nato, Jens Stoltenberg, no qual a Suécia e a Finlândia apresentaram oficialmente os seus pedidos de adesão à NATO, marcando o fim das políticas de não-alinhamento de ambos os países nórdicos. Os responsáveis da Aliança Atlântica continuam a acreditar que o processo será concluído rapidamente, apesar da oposição turca.

A Rússia, que numa primeira fase fez a ameaça velada do ataque nuclear aos dois países se esta proposta fosse, efectivamente, apresentada e que encarava a expansão da NATO, nas últimas duas décadas, como uma ameaça à sua própria segurança, afirma agora não ver quaisquer problemas com as adesões dos dois países nórdicos, desde que não sejam instaladas novas infra-estruturas militares, incluindo armas nucleares.

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