Schröder perde gabinete e pode enfrentar sanções devido à proximidade a Putin
Cresce pressão para Gerhard Schröder abandonar a petrolífera russa Rosneft e afastar-se publicamente de Putin.
O antigo chanceler alemão Gerhard Schröder vai perder o seu gabinete e equipa no Parlamento alemão devido à sua recusa em distanciar-se publicamente do Presidente russo Vladimir Putin. E enfrenta a possibilidade de sanções se não abandonar o seu cargo na petrolífera russa Rosneft.
É tradição os antigos líderes alemães terem direito a um gabinete, financiado por dinheiros públicos, depois de deixarem o Governo, mas os três partidos da coligação actualmente no poder chegaram a acordo para fechar o de Schröder. Uma decisão motivada pela recusa do ex-chanceler em condenar Putin, que ainda considera um amigo pessoal próximo apesar da invasão da Ucrânia.
Segundo a imprensa alemã, os valores que Schröder recebe da Rosneft - e como presidente do consórcio que gere o gasoduto Nord Stream 2, que ligaria a Rússia à Alemanha e foi cancelado por causa da guerra - fazem os 400 mil euros que o seu gabinete gastou no ano passado parecer uma soma irrisória.
“A comissão orçamental observa que o antigo chanceler Schröder já não desempenha quaisquer funções que resultem do seu antigo cargo”, lê-se na moção conjunta dos partidos. “O gabinete será, portanto, encerrado”.
As ligações de Schröder também deixam o antigo chanceler na mira do Parlamento Europeu, que, segundo a Reuters, já chegou a um projecto de resolução para “alargar a lista de indivíduos visados pelas sanções da UE aos membros europeus dos conselhos de administração das principais empresas russas e aos políticos que continuam a receber dinheiro russo”.
"Ao ocupar altos cargos de empresas ligadas ao Kremlin, o antigo chanceler alemão Gerhard Schröder está de facto a cooperar estreitamente com a Rússia”, disse o eurodeputado alemão Markus Ferber, que ajudou a redigir o projecto da resolução.
O texto não é vinculativo, mas representa uma pressão significativa sobre a UE para agir contra os europeus vistos como estando próximos do Kremlin.
Schröder, tal como o chanceler Olaf Scholz, é um social-democrata e um dos maiores defensores da política de “mudança através do comércio”, uma doutrina que defendia que desenvolver estreitos laços económicos é a melhor forma de controlar e integrar a Rússia na Europa.
Mas os críticos dizem que a guerra na Ucrânia é uma ilustração viva do fracasso dessa política e culpam Schröder, que como chanceler patrocinou a construção mais gasodutos, pelo aprofundamento da dependência energética da Alemanha de um vizinho que se tornou agora hostil.
Schröder sempre defendeu que os seus laços com Putin são um canal de comunicação essencial para um homem que o mundo não se pode dar ao luxo de ignorar. No entanto, uma viagem a Moscovo para implorar a Putin que acabasse com a guerra não produziu resultados.
A postura de Schröder afastou os seus próprios colaboradores: os quatro funcionários do seu gabinete solicitaram todos novas missões dias após o início da guerra. O restante pessoal será agora encarregado de encerrar o gabinete, e os seus documentos serão preservados para os arquivos do Estado.