Restaurantes defendem regresso de máscaras. Associações de bares do Porto estão contra
Associação Nacional de Restaurantes sugeriu medida para evitar sobrecarga dos hospitais. As associações de bares consideram sugestão “um passo atrás” com efeitos “desastrosos” para a sobrevivência do sector.
A PRO.VAR – Associação Nacional de Restaurantes pediu nesta quarta-feira o regresso do uso de máscaras no interior dos estabelecimentos por clientes e funcionários de forma a que o aumento da pressão nos hospitais seja evitado. Mas esta posição não foi bem recebida pelas duas associações que representam os bares e discotecas do Porto – se for dado um passo atrás, defendem, os resultados para o sector, em recuperação, poderão ser “desastrosos”.
“Essa análise deve ser feita pelo Governo e pelo Ministério da Saúde e não por associações do sector”, acredita o presidente da Associação de Bares da Movida do Porto, Miguel Camões, que se opõe ao ponto de vista veiculado em comunicado pela PRO.VAR. “Nós nunca nos manifestamos sobre questões sanitárias porque não somos agentes sanitários”, sublinha. Esta conduta será a mesma que diz querer continuar a seguir.
O motivo para agora se manifestar, salienta, prende-se com o impacto negativo que o regresso das máscaras poderia ter no sector que agora está a passar por uma fase de recuperação. “Ainda temos muitas dificuldades. Tem corrido muito bem a nível de afluência, estamos muito perto dos números do período pré-pandemia, mas a realidade da tesouraria é muito diferente”, assinala.
Apesar de considerar não haver motivos para queixas relativamente à motivação dos clientes para saírem de casa, refere ainda existirem danos colaterais de dois anos de pandemia que ainda não foram resolvidos. “Os custos fixos mais do que duplicarem. Estamos a pagar moratórias e a pagar empréstimos. As empresas estão asfixiadas. Estamos sempre no vermelho”, atira. “Qualquer medida no sentido de restringir pode ter um efeito desastroso”, acrescenta.
A PRO.VAR manifestou-se em comunicado por entender ser necessário prevenir um aumento da pressão nos hospitais. Esta posição surgiu como reacção às declarações desta quarta-feira do director de urgências de medicina interna do Hospital São João, Nélson Pereira, que assinalou existirem todos os dias poucas vagas nas enfermarias da unidade de saúde.
Mas outra preocupação da associação de restaurantes passa por contingências directamente ligadas à operação dos estabelecimentos. “Estamos preocupados, pois os restaurantes sempre privilegiaram a segurança e querem manter a confiança em alta. Por outro lado, os trabalhadores do sector da restauração durante o seu período de trabalho, estão muito expostos a uma grande circulação de pessoas, por essa razão defendemos o regresso ao uso obrigatório das máscaras para os clientes e trabalhadores”, lê-se no comunicado citado pela Lusa.
Recuar seria “um tiro no pé”
“A associação de restaurantes está a dar um tiro no pé”, entende o presidente Associação de Bares da Zona Histórica do Porto (ABZHP), António Fonseca, que também está contra o regresso das máscaras no interior de estabelecimentos de restauração, bares e discotecas. O dirigente da ABZHP acredita que esta manifestação de interesse do órgão que representa os restaurantes pode estar a pôr em causa, sobretudo, o sector da animação nocturna. “Quando os restaurantes já estavam a funcionar com a entrada de clientes com máscara e teste negativo nós ainda estávamos fechados”, recorda.
No limite, pondera a possibilidade de entrada nos estabelecimentos feita apenas com testes negativos, mas, desde que sejam “disponibilizados gratuitamente”, como acontecia anteriormente. Outra medida que entende ser suficiente passa pela “higienização dos espaços”. E nessa matéria não se opõe a uma fiscalização mais apertada.
Fora de questão, diz, seria um regresso ao uso da máscara por clientes e funcionários: “Estamos a recuperar e assim pode-se voltar a estragar tudo”.