Netflix despede 150 trabalhadores após quebra histórica nas assinaturas
2022 não tem sido um bom ano para o gigante do streaming.
Os últimos meses não têm sido os melhores para a Netflix, o gigante do streaming que mudou o negócio da distribuição e da exibição de conteúdos audiovisuais. Depois da avultada perda de assinantes anunciada no mês passado, e que está por trás da desvalorização em 70% das acções da empresa desde o início do ano, a empresa faz agora saber que vai avançar para o despedimento de mais de 150 trabalhadores. A notícia foi adiantada na noite de terça-feira pela CNBC. A Hollywood Reporter diz também que 70 postos da área da animação foram igualmente extintos.
Os postos afectados, precisa o site da CNBC, correspondem a “menos de 2%” dos 11 mil trabalhadores do serviço"e incidiram sobretudo nos serviços da empresa nos Estados Unidos. Num comunicado citado pelo canal americano, um representante da empresa explica que, na sequência de um “abrandamento do crescimento dos ganhos”, a Netlix se viu obrigada a “desacelerar” o “crescimento dos custos”. “Estas alterações são motivadas primariamente por necessidades de negócio e não reflectem os desempenhos individuais, o que as torna especialmente duras, porque nenhum de nós quer dizer adeus a colegas tão bons”, prossegue o responsável.
A empresa anunciou recentemente que a sua actual estratégia para contrariar a perda de assinantes passa pela subida dos preços de subscrição e pela regulação da partilha de passwords, e admitiu ainda estar a ponderar inserir anúncios em novos pacotes de assinatura com preços abaixo do normal, algo sem precedentes na sua história.
Mas a Netflix não é o único gigante da tecnologia que está a cortar na mão-de-obra, adiciona ainda a CNBC, referindo despedimentos e abrandamento na contratação em empresas como a Meta, a Amazon ou a Uber.
Na sexta-feira passada, o The Wall Street Journal tinha anunciado que a Netflix actualizou pela primeira vez desde 2017 as suas directrizes para empregados. Isto depois de, no ano passado, ter havido protestos internos por causa do conteúdo transfóbico dos últimos especiais de comédia de Dave Chappelle. O serviço adicionou regras novas e sublinhou que “nem toda a gente gostará – ou concordará – com tudo” o que está na plataforma: “Todos os conteúdos são diferentes, mas abordamo-los baseados nos mesmos princípios: apoiamos a expressão artística dos criadores com quem escolhemos trabalhar; programamos para uma diversidade de públicos e gostos; deixamos os espectadores decidirem o que é apropriado para eles, ao invés de ter a Netflix a censurar artistas ou vozes específicas.” Alguns funcionários podem, assim, ter de “trabalhar em conteúdos que entendem ser prejudiciais”. “Se acham difícil apoiar a nossa variedade de conteúdos, a Netflix pode não ser o melhor sítio para vocês”, conclui a empresa.
Ainda sobre o polémico tema da censura, recorde-se a cedência feita em 2019 pela Netflix ao governo da Arábia Saudita, que pediu ao serviço para retirar da oferta no país um episódio do talk show Patriot Act with Hasan Minhaj crítico do príncipe Mohammed bin Salman. Alguns meses depois, Reed Hastings, o CEO da empresa, disse numa conferência que a Netflix não estava “no negócio de dizer a verdade a quem detém o poder, mas sim no negócio do entretenimento”.