ACP coloca providência cautelar contra encerramento da Av. da Liberdade

Carlos Barbosa diz que a medida e toda a proposta aprovada é “idiota”, “estúpida” e “completamente irracional”.

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A ideia é fechar a Av. da Liberdade ao trânsito aos domingos Nuno Ferreira Santos

O Automóvel Clube de Portugal (ACP) vai avançar com uma providência cautelar contra a medida aprovada na Câmara de Lisboa, por vereadores da oposição, que determina o corte do trânsito automóvel na Avenida da Liberdade aos domingos e feriados e a redução da velocidade máxima de circulação em 10 quilómetros/hora em toda a cidade. Associação de comerciantes fala num “impacto negativo” que pode chegar aos 20%.

Carlos Barbosa, presidente do ACP, afirmou no Fórum da TSF que a providência cautelar vai ser apresentada “nos próximos dias”. Barbosa afirmou ainda que a medida é “idiota”, “estúpida” e “completamente irracional”. “Não tem pés nem cabeça”, acrescentou.

Para o Automóvel Clube de Portugal, “tem de haver estudos de tráfego” para perceber o que se passa nas vias aos domingos e feriados e se há ruas em que “a velocidade deve ser diminuída” ou se há mesmo outras em que até “pode ser aumentada”.

"Impacto negativo de 20%"

O encerramento da Avenida da Liberdade ao trânsito aos domingos terá um impacto negativo estimado de 18 a 20% na actividade económica local, sobretudo no setor do turismo, disse à Lusa Pedro Leal, da Associação Avenida da Liberdade.

A associação reuniu-se nesta terça-feira com o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, a quem manifestou a sua discordância com as mudanças no trânsito na cidade aprovadas pela autarquia na quarta-feira e que prevêem a proibição de circulação automóvel naquela artéria aos domingos e feriados.

É, de facto, um impacto negativo muito grande a todos os níveis. A nível do emprego, a nível da vida económica das empresas, após uma pandemia de dois anos. Esta medida tem um impacto que se estima de 18 a 20% de impacto negativo na actividade económica na avenida, e com muito impacto sobretudo no emprego”, disse à Lusa Pedro Leal, presidente da associação Avenida da Liberdade, que representa lojas, hotéis, restaurantes e serviços.

O representante da associação sublinhou que nem todas as lojas da avenida abrem ao domingo, mas “as lojas que abrem deixarão de abrir e as salas de espectáculos, que abrem para várias sessões, deixarão de abrir ou farão apenas uma sessão”.

“Aliás, muitas das sessões ao domingo até são frequentadas por pessoas que vêm de fora, consomem na avenida, às vezes até dormem nos hotéis e, portanto, haverá um prejuízo muito grande a esse nível”, realçou.

Pedro Leal manifestou a Carlos Moedas a sua indignação por esta “medida avulsa, pouco ponderada, que traz mais prejuízo do que vantagem”, uma decisão tomada “sem qualquer base de diálogo ou mesmo de estudo de mobilidade e de impacto”.

A oposição na Câmara de Lisboa aprovou na quarta-feira uma proposta do Livre que determina a redução em 10 km/h da velocidade máxima de circulação permitida actualmente e a eliminação do trânsito automóvel na Avenida da Liberdade aos domingos e feriados.

A proposta obriga o executivo camarário a “reduzir em 10 km/h [quilómetros por hora] a velocidade máxima de circulação permitida para: 30km/h nas vias de 3.º, 4.º e 5.º nível da rede viária, para 40km/h nas vias de 2.º nível e para 70km/h nas vias de 1.º nível”.

A iniciativa “Contra a guerra, pelo clima: proposta pela redução da dependência dos combustíveis fósseis na cidade de Lisboa” foi aprovada com sete votos contra da liderança PSD/CDS-PP, duas abstenções dos vereadores do PCP e oito votos a favor, designadamente cinco do PS, um do Livre, um da vereadora independente Paula Marques e um do BE.

Entre as medidas está a reactivação do programa “A Rua é Sua”, alargando a outros locais da cidade e prolongando o período em vigor, nomeadamente através da “eliminação do trânsito automóvel na Avenida da Liberdade em todos os domingos e feriados (anteriormente apenas último domingo de cada mês)”. Foi decidido ainda que o corte do trânsito automóvel aos domingos deve ser alargado a todas as freguesias, aplicando-se a “uma artéria central (ou mais) com comércio e serviços locais”, lê-se na proposta do Livre.

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