A “raridade” do tubarão gigante Ironbound
O Ironbound, como é conhecido o majestoso tubarão que voltou a ser visto ao largo da costa de Nova Jérsia, nos Estados Unidos, após três anos sem dar “sinal de vida”, já tinha sido baptizado e marcado com um localizador em 2019.
Desde então não fora mais avistado perto da costa. Até que no dia 28 de abril de 2022, radares de navegação marinha deram o alerta para uma extensa massa. Tratava-se mesmo do soberbo Ironbound, um grande tubarão branco, um macho com cerca de 3,8 metros e quase meia tonelada (452 kg).
Autoridades e organizações foram notificadas, pelo que agiram de imediato. Bob Hueter, cientista-chefe da Ocearch, afirmou à CNN: “Pensamos que a temporada de acasalamento tenha terminado. Agora o Ironbound dirige-se para norte para um bom campo de alimentação, para ganhar massa novamente para o próximo ano”. Refira-se que estes tubarões conseguem armazenar grandes quantidades de óleo no seu fígado, o que lhes permite estar meses sem comer.
Estima-se que o Ironbound tenha percorrido cerca de 20.000 quilómetros em três anos, desde o seu último avistamento.
Entretanto, o tubarão foi capturado para atualização da ficha de dados e para aplicação de um novo localizador, que o irá acompanhar e reportar a sua localização contínua durante alguns anos. Após esta intervenção, o tubarão foi devolvido com segurança ao seu habitat, para seguir o seu caminho. Os dados e localização atual do tubarão podem ser consultados a partir da ligação Ironbound - Ocearch | Mapotic.
Dado o seu tamanho, aspecto e falsa reputação, sem proveito, estes tubarões são referidos por muitos como “monstros”, quando, na verdade, são seres magníficos, bastante evoluídos, sapientes, capazes de sentir emoções, ter dias piores ou melhores, sofrer stress, etc, tal como uma pessoa. Eles são estritamente necessários ao Planeta, pelo que deveriam ser respeitados e protegidos por todos. Os tubarões escondem muitos segredos ainda por descobrir, pois representam uma evolução com cerca de 450.000.000 de anos e possuem um sistema imunológico quase perfeito.
O que torna estes avistamentos repetidos grandes vitórias é o facto de os tubarões e outros seres marinhos terem de passar por provações potencialmente fatais quase diariamente, devido à nossa grande “inteligência” e “prepotência”. Estes animais, para sobreviverem, têm de evitar redes de pesca, linhas longas de anzois, armadilhas, boias, navios, o ser humano. Uma má decisão ou distração custará a vida ao animal, o que não é difícil de acontecer, dado os quilómetros que fazem nas suas migrações (menos de 8% do oceano é área protegida) e a circunstância de o tubarão não resistir a um isco, pois a sua função é limpar o oceano comendo os mortos, feridos e debilitados.
Os cientistas afirmam que este tubarão, o Ironbound, com 3,8 metros, é um dos maiores machos catalogados. Mas um tubarão branco pode chegar aos 6 metros e pesar mais de uma tonelada, no caso das fêmeas que são maiores que os machos.
Chamam-lhe “raro”, mas o que o torna “raro” são as ações de chacina dos homens, contra estes animais, que não lhes dão tempo suficiente para se desenvolverem e chegarem a idades avançadas, pois um tubarão destes pode viver até 70 anos, atingindo grandes dimensões só a partir de certa idade.
O que é raro hoje podia ser comum, abundante e esplendoroso. Mas mais uma vez, as ações do homem já fizeram com que a população de tubarões diminuísse entre 70% e 90% nos últimos anos.
O oceano não nos pertence, nem sequer é a nossa casa, no entanto insistimos em estragá-lo e em impor a nossa vontade a estes seres que começaram a andar por cá milhões de anos antes de nós. Com isto, é necessário refletir: quem é o verdadeiro monstro?
O autor escreve segundo com o novo acordo ortográfico