Madeira, Açores e Canárias vão estudar impactos da poluição luminosa na biodiversidade

Promovido pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, o projecto LIFE Natura@night abrange 27 áreas protegidas, num total de 150 mil hectares.

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As ilhas dos Açores serão um dos territórios estudados Anna Costa

Foi anunciado esta terça-feira que as ilhas da Madeira, dos Açores e das Canárias irão, através do projecto LIFE Natura@night, estudar os impactos da poluição luminosa na biodiversidade, com o objectivo de a mitigar.

Na apresentação pública do projecto, que decorreu na Casa da Luz, no Funchal, a coordenadora do LIFE Natura@night, Cátia Gouveia, sublinhou como um dos principais objectivos “travar a perda de biodiversidade”. Para isso, serão feitos um mapeamento da poluição luminosa e o estudo dos seus verdadeiros impactos na biodiversidade. Também se realizarão alguns testes em barcos de pesca, assim como outras acções piloto.

O projecto pretende também contribuir para a regulamentação da iluminação. “Durante muitos anos, achou-se que cidades muito iluminadas eram cidades muito mais desenvolvidas. Agora, olhamos para o passado e vemos que, talvez, algumas das infra-estruturas que foram criadas poderiam ter sido desenvolvidas de forma mais responsável e evitávamos os problemas que temos hoje em dia”, afirmou Cátia Gouveia.

A responsável indicou que, nas três ilhas que compõem a Macaronésia, há dez espécies de aves, 170 de insectos e 90 de morcegos. É estimado que “todos os anos morram 1100 aves”, afirmou Cátia Gouveia, que sustentou ainda que a costa Sul quer dos Açores, quer da Madeira, quer das Canárias são “áreas com excesso de iluminação, que está a ser paga, que está a ser desperdiçada e que está a ter um impacto bastante negativo num conjunto muito alargado de espécies”.

Além do impacto na biodiversidade, acrescentou Cátia Gouveia, a poluição luminosa das cidades tem um impacto económico anual de 30 euros por pessoa. “Cerca de 50% da luz paga é poluição luminosa”, apontou, argumentando que todos os anos estão a ser desperdiçados cerca de 92 milhões de euros em electricidade.

Cátia Gouveia referiu-se, igualmente, ao impacto da poluição luminosa na saúde das pessoas, dando como exemplos o aumento do risco de obesidade, stress ou distúrbios do sono.

“Não queremos que as cidades fiquem às escuras. Queremos que elas fiquem iluminadas de forma eficaz e que o investimento em iluminação seja efectivamente para iluminar as nossas ruas, sem impactos negativos na biodiversidade e sem desperdício económico”, afirmou.

Promovido pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, o projecto LIFE Natura@night abrange 27 áreas protegidas, num total de 150 mil hectares. Conta com um orçamento global de 3,2 milhões de euros, 60% dos quais são financiados pelo fundo europeu LIFE.