Parlamento da Somália elege novo Presidente

Antigo presidente foi escolhido de novo para liderar o país, que enfrenta graves problemas: seca, inflação e o grupo terrorista Al Shabab.

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O candidato derrotado e presidente em exercício Mohamed Abdullahi Mohamed, conhecido como Farmajo, e o vencedor da eleição, Hassan Sheikh Mohamud Reuters/FEISAL OMAR

Hassan Sheikh Mohamud vai voltar a liderar a Somália, depois de derrotar, numa votação do Parlamento, Mohamed Abdullahi Homamed, conhecido como Farmajo, o presidente em exercício.

Mohamud, 66 anos, foi eleito por 214 votos contra 110, numa eleição que vinha a ser adiada há quase dois anos, e que foi levada a cabo num hangar de aeroporto rodeado por paredes de cimento reforçado de protecção contra explosivos. Mohamud foi Presidente entre 2012 e 2017, quando foi afastado após a eleição de Farmajo, 60 anos.

“Temos de seguir em frente”, disse Mohamud, “não precisamos de rancor, de vingança”.

A escolha do novo Presidente, que hoje tomou posse, marca o fim de um período eleitoral caracterizado pela corrupção, pela tentativa do seu antecessor de se manter no poder, e de confrontos violentos nas ruas, enumera o diário The Washington Post.

Após três rondas de votação, Mohamud derrotou outros 35 candidatos, incluindo o presidente em exercício, que no ano passado tinha prolongado o seu mandato, sendo muito criticado por isso.

A eleição foi um desfile de caras do passado do país, diz a agência Reuters, que sublinha que só o facto de ter sido realizada após ter sido tão adiada é já um sucesso relativo. A BBC lembra que a Somália não conseguiu realizar nenhuma eleição geral com voto universal desde 1969, e a votação de ontem é apenas a terceira eleição presidencial em que a votação decorreu na própria Somália – as anteriores tiveram lugar no Quénia e no Djibouti.

A pressão para a eleição era grande – sem ela, não se concretizaria um empréstimo de 400 milhões de dólares (mais de 380 milhões de euros) do Fundo Monetário Internacional.

“Hassan Sheikh não é bom, mas é o mal menor”, disse Halima Nur, habitante de Mogadíscio, à Reuters. “Esperemos que desta vez ele melhore e se torne um líder melhor. Esperamos que um dia a Somália possa estar em paz, mesmo que leve algum tempo”, disse a mãe de quatro filhos à agência britânica. A guerra civil da Somália dura há mais de 20 anos e é considerada uma das mais longas guerras no continente africano.

O país enfrenta agora uma seca terrível – a pior dos últimos 40 anos, com a ONU a indicar que 3,5 milhões de somalis estão em risco de fome – e uma inflação crescente, com preços de combustível e bens básicos a aumentar como consequência da guerra da Ucrânia.

O maior desafio do novo Presidente será, no entanto, o grupo terrorista Al-Shabab, ligado à Al-Qaeda, que tem cada vez mais poder, controlando boa parte do país e levando a cabo atentados suicidas frequentes na capital e outros locais do país, extorquindo ainda “impostos” e obrigando menores a juntar-se às suas fileiras.

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