Número de aves comuns diminuiu 10% desde 2000 na Europa

Depois de anos de declínio, a taxa de descida do número de espécies está a estabilizar. O caso é favorável para as aves de zonas florestais, mas aquelas de zonas agrícolas continuam a diminuir. O uso de pesticidas químicos é uma das razões.

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Um cartaxo-comum em Portugal Anna Costa

Há mais de 20 anos que o número de aves comuns está a diminuir na União Europeia. Segundo os dados revelados este sábado pelo Eurostat, estima-se que o número de aves comuns tenha diminuído 10% desde o ano 2000. As espécies de zonas agrícolas foram as mais afectadas por este declínio (diminuíram 24% desde o início do milénio).

Ainda assim, nem tudo são más notícias: depois de muitos anos de queda, o número destas aves mais comuns parece estar a estabilizar. E estima-se até que a população de espécies de aves florestais mais comuns tenha aumentado 3% entre 2000 e 2020. No caso das espécies de zonas agrícolas, a descida continua a acontecer. Uma das formas de o evitar é reduzir o uso de pesticidas químicos até 2030, como se defende no programa europeu da Estratégia do Prado ao PratoFarm to Fork.

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Como em todas as espécies, a existência de aves comuns é um indicador da biodiversidade e da qualidade dos ecossistemas – até porque muitos destes pássaros precisam de condições específicas para encontrarem comida e se poderem reproduzir. Além disso, muitos desses habitats servem também de casa para muitas outras espécies ameaçadas de plantas e animais.

Nestes dados, analisa-se a população de 168 espécies mais comuns de aves, assim como 39 espécies de aves de zonas agrícolas e 34 espécies mais comuns de habitats florestais. Os dados (recolhidos pelo Esquema de Monitorização de Aves Comuns da Europa e pelo Conselho do Censos de Aves Europeias) são relativos a 26 dos países da União Europeia, já que os dados de Malta não estão disponíveis.

O coordenador do departamento de conservação terrestre da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), Joaquim Teodósio, dizia em 2018 que também em Portugal existia um “declínio das espécies associadas aos habitats agrícolas”, ainda que considerasse difícil ter “dados robustos para a maioria das espécies” por haver falta de recolha de dados no terreno. O declínio das aves é causado pelo uso de pesticidas, pela agricultura intensiva e pela extensão das monoculturas.

Além das aves, também as borboletas e outros insectos estão em declínio. Em Portugal, a coordenadora do “censos” de borboletas, Eva Monteiro, afirmava em Abril que “é uma pena perder espécies raras, mas o verdadeiro problema é quando até aquelas espécies que são comuns começam a decair”. E, (também) no caso das borboletas, “isso já se começa a verificar.”