“É um dia histórico” para a Finlândia, “uma nova era começou”

Neste domingo, o Presidente e a primeira-ministra da Finlândia anunciaram o pedido oficial de adesão finlandês à NATO.

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A primeira-ministra, Sanna Mari, e Presidente finlandês, Sauli Niinisto, em conferência de imprensa, na manhã deste domingo, para anunciar pedido de adesão à NATO EPA/MAURI RATILAINEN

O Presidente da Finlândia, Sauli Niinisto, confirmou este domingo que o país vai apresentar um pedido de adesão à NATO. “É um dia histórico. Uma nova era começou”, disse o chefe de Estado e reiterou a primeira-ministra, Sanna Marin, na conferência de imprensa conjunta. O Parlamento finlandês deve aprovar a decisão nos próximos dias, pondo fim à neutralidade do país, cumprida há 73 anos.

Está a nascer uma Finlândia protegida, como parte de uma região nórdica estável, forte e responsável”, afirmou o Presidente. “Muita coisa aconteceu desde o dia em que a Rússia invadiu a Ucrânia. Ganhamos segurança e também a partilhamos.”

Num país que tem uma fronteira de 1300 quilómetros com a Rússia, a opinião pública sobre a adesão à NATO mudou completamente nos últimos meses: no início de Maio, já 76% da população apoiava a entrada na Aliança, segundo uma sondagem para a Yle, emissora pública finlandesa. Em Fevereiro, só 53% dos habitantes do país queriam aderir à NATO.

O Partido Social Democrata da Suécia, com maioria no Parlamento, aprovou, também neste domingo, a candidatura do país à Aliança, abrindo caminho a um pedido oficial de adesão pelo Governo. Espera-se que a candidatura seja anunciada já nesta segunda-feira, seguindo os passos do país vizinho.

Em dúvida fica o apoio, ou rejeição, de Ancara em relação à adesão à NATO. Apesar das declarações de Erdogan, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Mevlut Cavusoglu, garantiu, no final de uma reunião com os chefes da diplomacia dos países da NATO, que não estavam a ameaçar ninguém e apenas se referiam ao apoio a grupos terroristas.

“É absolutamente necessário que existam garantias de segurança. Têm de parar de apoiar organizações terroristas”, exigiu Cavusoglu, em Berlim. “A nossa posição é perfeitamente clara e transparente. Não é uma ameaça, não é uma negociação em que tentamos favorecer os nossos interesses.” Também não é populismo, assegurou aos jornalistas turcos. “É claramente sobre dois potenciais Estados-membros que apoiam o terrorismo e as nossas sérias considerações sobre o assunto, foi isto que partilhámos.”

Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 30 Estados-membros da Aliança estão este fim-de-semana reunidos em Berlim, em conversações centradas na proposta de adesão da Finlândia e na possível proposta da Suécia. Em declarações aos jornalistas, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse estar confiante num entendimento que tranquilize o Governo turco. “Estou confiante de que seremos capazes de responder às preocupações manifestadas pela Turquia, de forma a não atrasar o processo de adesão.” Uma opinião partilhada pelo vice-secretário-geral, Mircea Geona, que acredita num “consenso”.

Já a ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, afirmou, de acordo com a agência Reuters, que Finlândia e Suécia “já são membros da NATO” que estão “apenas sem um cartão de associado”.

Enquanto esperam pela conclusão do processo de adesão, que pode estender-se para lá de 2022, Finlândia e Suécia já assinaram um acordo de cooperação para a Segurança e Defesa com o Reino Unido, que concordou em apoiar os dois países em caso de ataque aos seus territórios. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, assegurou que este não é apenas um acordo temporário, mas um “compromisso duradouro”.

Também os Estados Unidos deram garantias de protecção ao Governo finlandês e sueco durante este processo, e a NATO prometeu reforçar a sua presença na região. Jens Stoltenberg avançou, neste domingo, que a Aliança Atlântica está a considerar destacar mais tropas para a Suécia e Finlândia, para garantir a segurança dos países nórdicos até que termine o período entre a candidatura e a adesão à NATO.

Durante os meses de ratificação da adesão, em que a cláusula de defesa mútua ainda não pode ser invocada, Suécia e Finlândia ficariam desprotegidos perante uma possível retaliação de Moscovo. De acordo com o secretário-geral, numa conferência de imprensa em Berlim, os Estados-membros da Aliança estão “conscientes” desta preocupação e a trabalhar para dar a ambos “garantias de segurança”.

Na última década, a NATO acolheu apenas dois países, Montenegro e Macedónia do Norte, mas prepara-se agora para o alargamento da aliança política e militar. Caso os países nórdicos consigam aprovação unânime dos membros da Aliança, a NATO passará a ser formada por 32 países europeus e norte-americanos.

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