Rússia alerta para possível introdução de armas nucleares na Finlândia e na Suécia

Vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia avisou que Moscovo reagiria não apenas à implantação de armas nucleares dos Estados Unidos mais próximo das fronteiras russas, mas também à criação da infra-estrutura necessária para o seu uso. Presidente finlandês falou ao telefone com Putin sobre candidatura à NATO.

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Vladimir Putin reuniu com o conselho de segurança russo para discutir riscos da adesão à NATO da Finlândia e Suécia EPA/MIKHAIL METZEL/SPUTNIK/KREMLIN POOL

A Rússia alertou este sábado sobre a possível introdução de armas nucleares pela NATO na Finlândia e na Suécia, no caso de os dois países aderirem formalmente à Aliança Atlântica.

“Muitas questões surgem sobre a renúncia desses países ao estatuto nuclear”, disse Alexander Grushko, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, aos jornalistas.

Grushko afirmou que o alargamento da Aliança Atlântica também levanta dúvidas sobre as “garantias nucleares negativas” das duas nações escandinavas, que esperam entrar na Aliança Atlântica durante a cimeira da organização de Junho, em Madrid.

“Basta olhar o mapa para entender a importância do alargamento da Aliança Atlântica para os interesses de segurança da Federação Russa”, enfatizou.

Grushko admitiu que, no momento, a Aliança Atlântica não modificou a sua política nuclear, mas o seu secretário-geral, Jens Stoltenberg, afirmou que “as armas nucleares podem ser colocadas mais perto da fronteira russa e os dirigentes polacos asseguraram que estão dispostos a recebê-las”.

“Se estas declarações se confirmarem na prática, é claro que será necessário reagir com a adopção de medidas preventivas que garantam uma dissuasão segura”, alertou o diplomata.

Moscovo reagiria não apenas à implantação de armas nucleares dos Estados Unidos, mas também à criação da infra-estrutura necessária para o seu uso.

“A entrada da Finlândia e da Suécia na NATO é uma mudança estratégica. Essa mudança não pode passar sem uma reacção política e também sem uma análise cuidadosa das consequências da nova configuração de forças que se pode formar como resultado da nova expansão da Aliança”, disse o vice-ministro russo.

Grushko insistiu que “todos os factores” que influenciam a segurança na região serão analisados e que as decisões correspondentes não serão precipitadas.

Apesar da actual intervenção militar russa na Ucrânia, considerou “impossível” suspeitar de intenções hostis por parte da Rússia contra a Finlândia e a Suécia, acusações que relacionou com tentativas de “demonizar” a Rússia do ponto de vista político e militar.

“Podemos imaginar como os acontecimentos se desenrolarão. Quando a entrada for formalizada, os países da NATO anunciarão imediatamente que o flanco norte é muito vulnerável, que a fronteira com a Rússia foi aumentada em 1300 quilómetros e que essa fronteira deve ser defendida, deslocando um contingente adicional” para a região, referiu. A Rússia também não descarta uma “militarização” da região do Árctico.

Presidente finlandês fala ao telefone com Putin sobre candidatura à NATO

O Presidente finlandês, Sauli Niinistö, telefonou este sábado ao Presidente russo, Vladimir Putin, sobre a iminente candidatura finlandesa.

“A conversa foi directa e decorreu sem contrariedades. Evitar as tensões foi o ponto considerado relevante”, disse o chefe de Estado finlandês através de um comunicado à imprensa, citado pela AFP.

Assim que Helsínquia anunciou os seus planos de adesão à NATO, Moscovo alertou que adoptaria medidas “técnico-militares”, já que esta decisão ameaça a segurança do país ao abrir um novo flanco da Aliança Atlântica no norte do continente europeu.

A entrada finlandesa na NATO dobraria a fronteira da Federação Russa com a Aliança Atlântica, já que a Rússia compartilha 1300 quilómetros de fronteira com a Finlândia.

A Rússia agora tem fronteira com os seguintes membros do bloco ocidental: Polónia, Noruega, Estónia, Letónia e Lituânia, além de uma fronteira marítima de 49 quilómetros com os Estados Unidos.

A Suécia e a Finlândia podem abandonar o estatuto neutral desde a II Guerra Mundial ao aderirem à NATO, situação provocada pela invasão da Rússia na Ucrânia em 24 de Fevereiro. Moscovo anunciou na sexta-feira que a partir deste sábado vai cortar o fornecimento de electricidade à Finlândia, supostamente por problemas de falta de pagamento.