Nova linhagem BA.5 já será dominante em Portugal e isso ajuda a explicar o disparar de novos casos
A linhagem BA.5 da variante Ómicron é mais transmissível mas não demonstrou ser mais grave por enquanto
A epidemia de covid-19 está em crescimento acelerado em Portugal e isso deve-se a uma mistura de factores. O “período de festividades” associado à “redução da adesão” a medidas de protecção e também ao” considerável aumento” de circulação da mais recente linhagem (BA.5) da variante Ómicron são alguns dos factores que estarão a contribuir para a subida muito acentuada do número de novos casos de infecção por SARS-CoV-2, explicam os peritos da Direcção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa) no último relatório de monitorização da situação, com dados de 3 até 9 deste mês. A BA.5 já será mesmo a linhagem dominante em Portugal, segundo adiantou esta sexta-feira um especialista do Insa.
Neste período, de acordo com o relatório de situação semanal da DGS (que reporta apenas dados até esta segunda-feira), em comparação com a semana anterior, havia mais doentes internados em enfermaria (1.207, mais 88), registaram-se mais 15 mortes (um total de 142 óbitos em sete dias), mas o número de pacientes internados em unidades de cuidados intensivos permanecia estável (59).
O aumento da circulação da linhagem BA.5 está a revelar-se muito rápido e isso pode ajudar a explicar o disparar da incidência - os últimos dados indicam que se registaram 26.314 novos casos de infecção e 29 mortes associadas a covid-19 nesta quinta-feira. A linhagem BA.5, que é mais transmissível mas não demonstrou ser mais grave por enquanto, já terá mesmo ultrapassado a BA.2 esta sexta-feira, tendo-se tornado dominante, segundo adiantou o investigador do Insa João Paulo Gomes. A BA5 “terá já ultrapassado os 50 por cento” dos novos casos de infecção, especificou o responsável pela monitorização da diversidade genética do SARS-CoV-2 em Portugal.
Esta é “uma linhagem mais transmissível e com algumas mutações que são associadas a uma maior capacidade do vírus para infectar e fugir ao sistema imunitário”, explicou João Paulo Gomes, que frisou que os primeiros estudos “nada indicam” quanto a uma eventual maior gravidade da BA.5. “Não parece estar associada a um fenótipo de doença mais severo. Pensamos que será quase inevitável que [a covid-19] se transforme quase numa gripe. Vamos ter que viver com este coronavírus”, enfatizou.
Segundo o último relatório de monitorização da situação da DGS e do Insa, a mortalidade por todas as causas estava, até esta segunda-feira, “dentro dos valores esperados para a época do ano, o que indica reduzido impacto da pandemia na mortalidade, apesar do valor da mortalidade específica por covid-19 se encontrar acima do limiar definido pelo ECDC [Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças]” - 26,1 óbitos em 14 dias por milhão de habitantes.
Até essa altura, o impacto nos internamentos e na mortalidade geral era “reduzido”, mas os especialistas avisavam que o crescimento da incidência poderá “vir a condicionar um aumento da procura dos cuidados de saúde e da mortalidade, em especial nos grupos mais vulneráveis”.