Ucrânia alerta para evidências de violência sexual contra crianças e aumento de ataques a escolas

“As crianças precisam de um fim a esta guerra”, defende a UNICEF, enquanto o embaixador britânico na ONU adverte que existe um risco real de “uma geração perdida”.

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Pelo menos 239 crianças foram mortas e outras 355 feridas desde o início da invasão russa a 24 de Fevereiro Adriano Miranda

As evidências de “alegações credíveis” de violência sexual contra crianças por tropas russas e outras violações das regras do Conselho de Segurança da ONU sobre jovens em tempos de guerra, que têm vindo a ser diariamente denunciadas pelo governo ucraniano, foram agora registadas por uma diplomata britânica.

Dame Barbara Woodward, embaixadora da Grã-Bretanha na ONU, citada pela Sky News, disse que há evidências de que “a Rússia está a cometer quatro das seis graves violações do Conselho de Segurança contra crianças em tempos de guerra”. Estas violações, listadas numa resolução de 1999, incluem o direccionamento de crianças em conflito, bem como o recrutamento e uso de crianças como soldados.

Acrescentou ainda que, para além destas acusações de violência sexual contra crianças ucranianas, há relatos contínuos de deportações forçadas de mais de 700.000 pessoas, incluindo muitas mães e crianças, da Ucrânia para a Rússia — uma vez que os homens são obrigados a ficar em solo ucraniano para defesa da invasão russa.

“Existe agora um risco muito real de uma geração perdida e a continuação de um ciclo de violência, causado pela invasão da Rússia e pela devastação que ela criou”, concluiu. Os seus comentários surgiram quando a UNICEF alertou que o conflito na Ucrânia pesava também para uma “crise dos direitos das crianças” cada vez pior, com centenas de escolas atacadas e quase 100 crianças mortas apenas no mês passado.

Omar Abdi, vice-director executivo da UNICEF, revelou ao Conselho de Segurança da ONU que as crianças estão a pagar “um preço inconcebivelmente alto” nesta guerra, com 239 crianças mortas confirmadas e outras 355 feridas desde o início da invasão russa a 24 de Fevereiro. E são estes os dados oficiais, uma vez que Abdi ressalva que os números podem ser bastante superiores, já que em zonas sitiadas ou de frentes de conflito mais activo é impossível fazer uma contabilização estatística destes números.

No seu último discurso ao povo ucraniano, na noite desta quinta-feira, o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky não conseguiu conter a raiva pelo crescente impacto do conflito sobre os jovens e crianças do seu país. “Ontem à noite eles [forças militares russa] atingiram a região de Chernihiv, incluindo escolas”, informou.

“É claro que o estado russo está em tal estado que qualquer educação só vem atrapalhar. Mas o que é que eles pensam que pode ser alcançado ao destruir as escolas ucranianas? Todos os comandantes russos que dão essas ordens são simplesmente doentes e incuráveis”, terminou o Presidente da Ucrânia.

O ano escolar para as crianças ucranianas efectivamente parou após o início da guerra e, pelo menos, 15 das 89 escolas apoiadas pela UNICEF no leste do país foram danificadas ou destruídas nos combates. Abdi sublinhou: “Esses ataques devem parar”. “Em última análise, as crianças precisam de um fim para esta guerra — é o seu futuro que está na balança”, concluiu o vice-director executivo da UNICEF.

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