No Paços de Ferreira-Benfica jogou-se pelo futuro

Pouco havia por que lutar, pelo que os treinadores alteraram os “onzes” habituais. No caso do Benfica houve cabeça no futuro.

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Momento do jogo entre o Paços de Ferreira e o Benfica LUSA/JOSE COELHO

O Paços de Ferreira-Benfica não contava, desportivamente, para rigorosamente nada. O Paços não chegaria à Europa nem desceria de divisão e o Benfica não mudaria o seu lugar na 3.ª pré eliminatória da Liga dos Campeões. Com este contexto, houve palco para um jogo descomplexado e, sobretudo no caso do Paços, sem mais receio de perder do que vontade de ganhar.

O Benfica, apesar de salvo por Helton Leite várias vezes, venceu a partida desta sexta-feira por 2-0, com um “bis” de Henrique Araújo, que mostrou frieza numa das finalizações e sagacidade na outra. Mas não foi o único a marcar pontos, já que este jogo foi, sobretudo, a pensar no futuro.

Ambos os treinadores montaram “onzes” diferentes do habitual, mas Nélson Veríssimo fê-lo de forma ainda mais clara do que César Peixoto: apenas Gilberto foi um habitual titular a fazer parte da equipa inicial do Benfica, que aproveitou para dar minutos a jovens como Tomás Araújo, Sandro Cruz, Tiago Gouveia e Henrique Araújo, numa primeira fase, mas ainda Martim Neto e Diego Moreira num outro momento do jogo.

Sem bola, o Paços alternava entre o 4x5x1 e o 5x4x1, consoante o comportamento do terceiro médio do Benfica, ora Paulo Bernardo, ora João Mário. Mas independentemente disso, dava aos seus laterais liberdade para pressionarem os laterais do Benfica quando a bola lá caía.

Isto dotava a equipa de alguma capacidade de “empenar” a criação “encarnada”, mas expôs, por vezes, os centrais a raides dos alas contrários, que beneficiavam do desposicionamento dos laterais pacenses.

Nesse sentido, foi relativamente fácil para Gil Dias e Tiago Gouveia criarem desequilíbrios, por vezes até em condução. Um desses lances surgiu logo aos 5’, com uma perda de bola do Paços a dar espaço a Gouveia para lançar Henrique Araújo em profundidade. Isolado, o jovem avançado não falhou de pé esquerdo – que nem é o mais forte.

O jogo tinha um perfil pouco físico e, também pelo lado mental de pouco haver em disputa, muitos jogadores estavam a passo nos momentos sem bola – no Benfica, isso viu-se mais do que uma vez com João Mário, Gil Dias, Paulo Bernardo e Meïté.

O jogo ficou, portanto, bastante partido e com espaços para transições e o Paços, apesar de saber que é nessa vertente que o Benfica prospera, não se importou com isso. A equipa nortenha assumiu sem problemas a iniciativa do jogo e aproveitou a falta de rotinas na zona média e defesa “encarnadas” para criar combinações curtas – foi assim aos 22’, com defesa de Helton, aos 27’, com nova defesa de Helton, e aos 44’… com nova defesa de Helton.

Na resposta a este último lance, o contra-ataque deu remate de Tiago Gouveia, primeiro, e, na recarga, cruzamento de Gil Dias para finalização de Henrique Araújo ao segundo poste – novamente de pé esquerdo.

Aos 54’ Henrique Araújo poderia chegar aos três golos em três remates, mas o cruzamento de Gil Dias foi desviado por Baixinho – jogada novamente em transição, com o Paços muito pouco competente na reacção à perda.

Mas a segunda parte foi claramente menos rica. As equipas foram querendo cada vez menos do jogo, o Paços por estar “escalado” com o que sofreu na primeira parte e o Benfica por estar confortável com o 2-0 que construiu.

É certo que ainda houve outra defesa de Helton aos 76’, mas o que restava do jogo era, essencialmente, para ver o que se passaria no plano individual. Entraram jogadores novos no Paços e no Benfica e era esse futuro que os adeptos queriam ver. Mas, em geral, não puderam ver muito de quem foi entrando.

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