Desenvolvidos biossensores que permitem uma cicatrização mais eficaz

Equipa do Instituto Superior de Engenharia do Porto está a criar sensores para integrar em pensos de origem natural, permitindo detectar infecções ou inflamações mais precocemente – e reduzir os períodos de hospitalização.

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Um dos exemplos apontados para a utilidade destes biossensores são as úlceras de pé diabético, uma das complicações mais comuns associadas à diabetes Ricardo Lopes

Biossensores flexíveis que, integrados em pensos de origem natural, permitem monitorizar feridas crónicas e uma cicatrização “mais eficiente” estão a ser desenvolvidos por uma equipa de investigadores do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP). Intitulado SmartBioPatch, o projecto arrancou no início do ano para “desenvolver biossensores inovadores, flexíveis e de baixo custo.”

Integrados em pensos de origem natural, estes biossensores vão ter capacidade para “detectar biomarcadores relevantes de ferida crónica”, permitindo uma “monitorização local e, consequentemente, possibilitar estratégias de cicatrização mais eficientes”.

“A grande novidade é o uso de componentes de baixo custo e de tecnologia simples e de fácil utilização”, explica o ISEP em comunicado, acrescentando que a produção de anticorpos plásticos com capacidade de imitar o reconhecimento biológico será possível através da técnica de impressão molecular, procedimento explorado pelo grupo BioMark do ISEP.

A capacidade de detectar a existência de uma infecção ou inflamação permitirá uma intervenção terapêutica “apropriada”, “reduzindo os períodos de hospitalização e evitando amputações de membros inferiores”, salienta o instituto, dando como exemplo as úlceras de pé diabético, uma das complicações mais comuns e dispendiosas associadas à diabetes.

Gabriela Martins, investigadora do BioMark, esclarece que a recolha de informação destes biomarcadores pode “possibilitar importantes avanços ao nível do diagnóstico e da terapêutica”.

“Este projecto pretende tirar partido da informação fornecida em tempo real relativamente a biomarcadores do processo de inflamação para permitir uma melhor gestão e tratamento destas feridas”, afirma.

Ainda que a investigação na área dos pensos inteligentes para feridas crónicas tenha crescido nos últimos anos, o ISEP salienta que tal evolução “ainda não se concretizou em produtos comercialmente disponíveis, principalmente em contexto não hospitalar”.

“Esta lacuna pode-se dever ao facto de este tipo de dispositivos envolver ainda tecnologia complexa e de elevado custo”, nota, destacando que um dos factores “diferenciadores” do projecto é a utilização de componentes de “baixo custo e de tecnologias simples”.

De acordo com Gabriela Martins, o objectivo é que estes pensos possam dar “uma indicação do processo de cicatrização através da alteração de cor”. “Assim, será uma leitura fácil de obter e compreender, o que facilita substancialmente a sua utilização. Para além disso, a escolha do material de membrana terá em conta algumas propriedades benéficas para o próprio processo de cicatrização.”