Linha Saúde 24 vai dar prescrições automáticas de testes antigénio a quem tiver um autoteste positivo
As pessoas que tenham um autoteste positivo só têm de o comunicar à Linha Saúde 24 e a prescrição será automática, diz ministra da Saúde. Marta Temido diz que gratuitidade geral dos testes antigénio nas farmácias não se justifica.
A partir do final da semana, as pessoas que tiverem um autoteste positivo à covid-19 terão acesso a uma prescrição automática para um teste antigénio, no momento em que comuniquem essa situação à Linha Saúde 24. O anúncio foi feito pela ministra da Saúde, Marta Temido, à margem de uma visita à Unidade de Hospitalização Domiciliária do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, esta quinta-feira.
Questionada pelos jornalistas sobre a actual situação da covid-19 no país, que está com uma média a sete dias de mais de 15 mil casos diários, a ministra considerou que não há razão para voltar a instaurar a gratuitidade dos testes antigénio nas farmácias, medida que terminou no final de Abril. “Mais do que regressar a uma opção que já tivemos e que neste momento entendemos que já não será adequada, como noutros países não será, é a possibilidade de descongestionar o acesso aos testes rápidos de antigénio, garantindo que o atendimento da linha robotizada encaminha as pessoas para esse acesso sem os constrangimentos de espera”, disse à RTP e restantes jornalistas.
A ministra desvalorizou a actual situação epidemiológica no país, afirmando que o aumento de casos “era expectável” e que deverá continuar nas próximas semanas. “É expectável que tenhamos ainda um crescimento, estamos a acompanhar a situação como sempre fizemos com os peritos”, lembrando que o mais recente relatório do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, sobre a situação epidemiológica no país, no que se concerne à sequência genómica, aponta para uma prevalência de uma linhagem da variante Ómicron, que representa já 37% dos casos em Portugal e poderá chegar aos 80% a 20 de Maio.
A prescrição automática de um teste antigénio, através da Linha Saúde 24, para pessoas com autoteste positivo deverá entrar em vigor já no final desta semana e é, segundo Marta Temido, uma medida “facilitadora e adaptada ao momento” que se vive. Na discussão parlamentar sobre o Orçamento de Estado, esta terça-feira, o secretário Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, já tinha dito que estava a ser ultimada uma alteração à Linha SNS 24 “no sentido de simplificar o algoritmo através de um automatismo que permitirá ao cidadão que fez um autoteste que deu positivo receber a prescrição de um teste rápido que possa confirmar a infecção”.
Apesar do aumento do número de casos, vários peritos ouvidos pelo PÚBLICO referem que não há motivo para alarme, tendo em conta que a pressão sobre os serviços hospitalares, ao nível de internamentos e cuidados relacionados com a covid-19 não se tem feito sentir. Por isso, rejeitam o regresso às medidas que estavam em vigor até 21 de Abril, nomeadamente a obrigatoriedade do uso de máscaras em diversos espaços, que neste momento só está circunscrita a casos muito específicos.
Ainda assim, também salientam que o fim da obrigatoriedade de certas medidas não significa que se abdique de todas as medidas de protecção, sobretudo, quando estão em risco pessoas mais vulneráveis. Neste campo, a vacinação periódica aos idosos e pessoas em situação de risco, é a medida mais advogada por especialistas como Raquel Duarte, que em entrevista ao PÚBLICO, esta semana, defendeu isso mesmo: “O que defendo é que vai ter de haver uma vacinação periódica para as populações mais vulneráveis. Qual é essa periodicidade é que ainda é precoce dizer, ainda é preciso conhecê-la.”