ONU avança com inquérito aos “crimes de guerra” na Ucrânia

Nesta quinta-feira, o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas aprovou a investigação de alegados crimes de guerra cometidos pelas tropas russas na Ucrânia. Documentadas as provas, é possível que os responsáveis sejam julgados.

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Em Mariupol, continuam os ataques das tropas russas contra a fábrica Azovstal Reuters/ALEXANDER ERMOCHENKO

A ONU revelou, esta quinta-feira, que foram recuperados mais de mil corpos na região de Kiev nas últimas semanas. Segundo a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, muitas das atrocidades cometidas podem vir a ser julgadas como crimes de guerra, depois de documentadas as provas.

“Custa-me imaginar quantas visitas serão necessárias para documentar apenas uma fracção das flagrantes violações de direitos humanos que ali ocorreram”, disse, num discurso na sessão extraordinária do Conselho de Direitos Humanos da ONU desta quinta-feira.

Na mesma sessão foi aprovada a abertura de um inquérito aos alegados crimes de guerra cometidos pelas forças de Moscovo nas regiões de Kiev, Chernihiv, Kharkiv e Sumi, que pode contribuir para levar os responsáveis ao Tribunal de Justiça Internacional. Com 33 votos a favor, apenas China e Eritreia votaram contra. A delegação de Pequim explicou que considera a resolução uma forma de “lançar achas para a fogueira”.

Na zona Leste da Ucrânia, perto da fronteira russa, as batalhas no terreno parecem estar num impasse, mas mantêm-se violentas, com recurso a artilharia pesada e tanques de guerra.

Mais a Sul, a Rússia está a intensificar os bombardeamentos contra Odessa, com a intenção de controlar o principal porto ucraniano na costa do mar Negro​. Em Mariupol mantêm-se os sucessivos ataques aéreos à fábrica Azovstal, que, para Michelle Bachelet, é um caso que exige especial preocupação quanto a violações de direitos humanos, “diferentes das que existem noutras áreas de combates activos”.

A vice-primeira-ministra da Ucrânia, Irina Vereshchuk, também informou, esta quinta-feira, que as negociações para a retirada dos militares encurralados no complexo industrial estavam “muito difíceis”. Kiev propôs a Moscovo trocar os soldados feridos ainda na fábrica por prisioneiros de guerra russos, mas o acordo terá falhado por causa de uma nova violação do cessar-fogo para a abertura de corredores humanitários.

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