Governo britânico lamenta que a UE não tenha abertura para renegociar protocolo sobre a Irlanda do Norte
A ministra dos Negócios Estrangeiros conversou esta quinta-feira por telefone com o vice-presidente da Comissão Europeia Maros Sefcovic.
Os britânicos não terão outra hipótese se não tomar medidas unilaterais no caso de a União Europeia não mostrar mais flexibilidade nas conversações sobre as regras pós-“Brexit” para a Irlanda do Norte, disse esta quinta-feira à UE a ministra dos Negócios Estrangeiros britânica, Elizabeth Truss.
Conseguir um acordo que mantenha a paz na Irlanda do Norte e que proteja o mercado único da UE sem impor uma fronteira física entre a província britânica e a República Irlanda, Estado-membro da UE, ou uma fronteira dentro do Reino, foi sempre o maior desafio para Londres quando iniciou o seu processo de separação do bloco europeu.
O Governo do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, acordou um protocolo que, ao invés, criou uma fronteira alfandegária no mar entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido, mas agora afirma que a burocracia necessária é intolerável.
Há meses que o Executivo conservador ameaça rasgar o protocolo, aumentando o risco de uma guerra comercial com a Europa, numa altura de subida da inflação e de grande preocupação na Europa e nos Estados Unidos.
Numa conversa telefónica com o vice-presidente da Comissão Europeia Maros Sefcovic, esta quinta-feira, Truss reafirmou que a ausência de um acordo sobre o Protocolo da Irlanda do Norte estava a ameaçar o processo de paz de 1998, que pôs fim a décadas de violência sectária.
“A ministra dos Negócios Estrangeiros (...) afirmou que a situação na Irlanda do Norte é um assunto de paz e segurança interna para o Reino Unido e se a UE não demonstrar a flexibilidade indispensável para ajudar a resolver esses assuntos, então, como Governo responsável, não teremos outra hipótese se não agir”, afirmou Londres em comunicado.
“O vice-presidente Sefcovic confirmou que não existe espaço para alargar o mandato de negociações da UE ou introduzir novas propostas para reduzir o nível geral de fricção comercial”, explica o comunicado, acrescentando que Truss ouviu isso “com pesar”.