Notícia sobre plano de mudança de sede da TAP desagrada a trabalhadores

“Agora, pensam eles, comissão executiva, e Governo da República, que chegou o momento de arrasar a histórica representação sindical dos trabalhadores da TAP, ao planear a sua retirada do reduto e parti-los em pedaços”, afirmou o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos. Gestão critica o facto de a informação sobre a eventual mudança de sede ter sido tornada pública.

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Christine Ourmieres-Widener, presidente executiva da TAP Rui Gaudencio

A comissão executiva da TAP confirmou esta quinta-feira, numa mensagem enviada aos trabalhadores do grupo, que está “a ser avaliada a possibilidade de mudança de instalações dos serviços de terra da companhia que não exigem contiguidade com o aeroporto” da Portela, em Lisboa.

“Esta hipótese”, diz a gestão liderada por Christine Ourmières-Widener, “decorre do levantamento de custos para a manutenção indispensável devido à deterioração dos actuais edifícios que a empresa ocupa junto ao aeroporto Humberto Delgado e que se revelam muito elevados face à antiguidade das instalações”.

Na terça-feira à noite, a agência Lusa noticiou, citando um comunicado interno da Comissão de Trabalhadores (CT) da TAP, que no âmbito de uma reunião entre a CT e Christine Ourmières-Widener realizada no final de Abril, que estava “a ponderar mudar os trabalhadores daquilo que é designado por sede de instalações” por “uma razão de segurança”. “Já se anda à procura de um edifício suficientemente grande para albergar mil e duzentas pessoas, que esteja situado num raio de cinco/seis quilómetros do aeroporto”, indicou a CT.

De acordo com o comunicado dos representantes dos trabalhadores, citado pela Lusa, a gestora referiu ainda que as obras necessárias para recuperar o actual edifício “rondam os 40/50 milhões de euros” e que “segundo a administração fica então mais económico arrendar um edifício, uma vez que daqui a três ou quatro anos vai tudo mudar para Alcochete [uma das duas hipótese para a localização do novo aeroporto], além de que se poupam cerca de dois milhões de euros em parqueamento do pessoal de bordo, que passaria a estacionar no reduto”.

Esta quinta-feira, o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava), emitiu um comunicado no qual diz ter tomado conhecimento, “pela comunicação social, de uma decisão que teria sido já tomada, na CE [comissão executiva], de destruir definitivamente a TAP, segmentando-a ao jeito da BCG [uma consultora] – outra vez a BCG de má memória – que foi sonegada aos trabalhadores e seus representantes, tentando quebrar assim aquilo que de mais importante tem uma empresa: a unidade dos seus trabalhadores, o seu espírito de grupo, a ‘camisola’ como muitas vezes dizemos”.

“Foi efectivamente através da imprensa, que soubemos que os trabalhadores da TAP vão uns para cada lado”, sublinha o sindicato. “Ou seja”, acrescenta, “os trabalhadores de bordo por inerência da sua actividade já pouco se deslocavam ao reduto e agora, pensam eles, comissão executiva, e Governo da República, que chegou o momento de arrasar a histórica representação sindical dos trabalhadores da TAP, ao planear a sua retirada do reduto e parti-los em pedaços”.

Recordando os cortes salariais em vigor, decorrentes dos acordos de emergência assinados no âmbito do plano reestruturação da companhia, o Sitava diz que se está a formar “a ‘tempestade perfeita’ sobre a actividade nos aeroportos nacionais”. “Daqui proclamamos que podem contar com o Sitava para que, se a isso formos obrigados, acelerar esses ventos tempestuosos que se avizinham, não excluindo nenhuma forma de luta”, destaca o sindicato.

Na mensagem aos trabalhadores, a gestão da empresa critica o facto de a informação sobre a sede ter sido tornada pública. “A TAP privilegia e pratica a total abertura na comunicação com os seus trabalhadores e, atempadamente, logo que seja tomada alguma decisão sobre esta matéria, transmitirá directamente toda a informação sobre o assunto, em primeira mão, aos seus colaboradores, pelo que lamenta que informações sobre hipóteses, que deviam ser tratadas como reservadas por quem as recebe, surjam quase de imediato nos media em vez de serem veiculadas em momento oportuno pelos canais oficiais da companhia”, diz a empresa.

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