Líder indígena Adriano Karipuna vem a Lisboa falar sobre a luta pela Amazónia

A luta indígena pela sobrevivência e contra o desmatamento da Amazónia será o tema do encontro desta sexta-feira, no Iscte.

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Há vários anos que Adriano Karipuna denuncia a situação do seu povo e a predação da floresta amazónica Luiz Roberto Lima/Greenpeace

O líder indígena Adriano Karipuna vai falar sobre a desflorestação da Amazónia e a luta indígena nesta sexta-feira, 13 de Maio, no Instituto Universitário de Lisboa (Iscte), em Lisboa.

Adriano Karipuna pertence ao povo Karipuna, que vive numa reserva indígena no estado brasileiro da Rondónia, na região mais a sul da floresta da Amazónia. Depois de terem entrado em contacto com não indígenas, principalmente a partir da década de 1980, as doenças dizimaram a maioria dos Karipuna, que já tinham uma população pequena.

Hoje, aquele povo conta com 55 pessoas e vive numa reserva com uma área de cerca de 150.000 hectares (equivalente ao concelho português de Alcácer do Sal). A área tem sido ameaçada pelo desmatamento ilegal, uma situação que se agravou desde que Jair Bolsonaro tomou posse da presidência brasileira, em Janeiro de 2019.

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A imagem de satélite mostra o forte contraste entre a floresta conservada na terra indígena dos Karipuna, demarcada a preto, e os terrenos explorados ao seu redor Greenpeace Brasil/Conselho Indigenista Missionário

Há vários anos que Adriano Karipuna denuncia a situação do seu povo e a predação da floresta amazónica. “Estamos cercados pelos invasores do nosso território. Estamos sob risco intenso de deixarmos de existir enquanto povo”, explicou Adriano Karipuna, num apelo que fez por vídeo na 49ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, em Março último.

“A nossa terra indígena Karipuna está entre as 13 mais desmatadas do Brasil”, denunciou o líder indígena. “Caso não sejam tomadas providências imediatas, a única alternativa que nos restará para nos mantermos vivos será pedirmos asilo político.”

O encontro no Iscte, intitulado “A luta indígena contra a destruição da floresta amazónica”, vai decorrer às 15h, no auditório Afonso de Barros. A sessão será moderada por Susana de Matos Viegas, antropóloga e investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, e Hanmin Kim, doutorando em Antropologia do Iscte e da Faculdade Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Quem não tiver oportunidade de ir à sessão, poderá participar numa conversa com o líder indígena na Livraria da Travessa de Lisboa, também na sexta-feira, às 19h, que terá a presença de activistas dos grupos Climáximo e Greve Climática Estudantil.