INE confirma aceleração da inflação para 7,2% em Abril
Valor é o mais elevado desde Março de 1993. Taxa de variação homóloga do índice de produtos energéticos foi de 26,7%.
A taxa de inflação acelerou o ritmo de subida e chegou aos 7,2% em Abril em termos homólogos, confirmou esta quarta-feira o INE, depois de já ter publicado uma estimativa rápida. Em Março, a variação tinha sido de 5,3%.
A variação de 7,2% registada em Abril no Índice de Preços no Consumidor (IPC) é a mais elevada desde Março de 1993, impulsionada por produtos como os combustíveis. “A variação do índice relativo aos produtos energéticos aumentou para 26,7% (19,8% no mês precedente), valor mais elevado desde Maio de 1985, enquanto o índice referente aos produtos alimentares não transformados apresentou uma variação de 9,4% (5,8% em Março), afirmou o INE. O aumento de 1,9 pontos percentuais (p.p.) registado neste mês face a Março é, diz o INE, “a maior diferença entre dois meses consecutivos desde Janeiro de 1985”, altura que a subida foi de 2,8 p.p., passando de 21,3% em Dezembro de 1984 para 24,1% em Janeiro de 1985.
Na base da aceleração da inflação registada em Abril estão os aumentos, face ao mês anterior, registados na classe de despesa de “habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis” e dos “restaurantes e hotéis”, com variações de 10,2% e 9,9%, respectivamente (face a 5,4% e 6,6% no mês anterior)”. O lazer, recreação e cultura passou de 3,06% para 4,9%.
Em sentido oposto”, as classes de “bebidas alcoólicas e tabaco” e de “vestuário e calçado” tiveram “uma diminuição da taxa de variação homóloga para 0,6% e -0,7% respectivamente (2,6% e 0,1% no mês anterior)”. Em termos homólogos, o vestuário e calçado também teve uma contribuição negativa - a única -, mesmo que ligeira, para a subida da inflação. De acordo com o INE, a variação mensal do IPC foi de 2,2% e a variação média dos últimos doze meses, que é tida em conta nas negociações salariais, foi de 2,8%.
A aceleração de Abril aproximou Portugal da média da zona euro. O Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) português (indicador que, após alguns acertos, permite fazer a comparação com outros países europeus) chegou aos 7,4%, apenas menos 0,1 p.p. face à zona euro. Em Março, a diferença tinha sido de 1,9 p.p. Em mais uma análise que demonstra os actuais níveis elevados de inflação, o INE dá nota de que “este é o segundo mês consecutivo em que é ultrapassado o valor mais elevado registado em Portugal desde o início da série do IHPC, em 1996”.
Esta quarta-feira, a autoridade estatística da Alemanha confirmou que a inflação do país se fixou nos 7,4%, um nível que não se verificava desde 1981 (altura da guerra entre o Irão e o Iraque, dois grandes produtores de petróleo).
Em termos de IHPC, a inflação alemã fixou-se nos 7,8%, acima da média da zona euro. De acordo com a estimativa do Eurostat, a taxa mais elevada registou-se na Estónia, com 19%, superando a Lituânia. Malta teve a variação mais baixa, com 4,9%.