Olga Ravn: sou humano?
Um poético exercício de concisão: uma sátira à lógica da produtividade, ao mesmo tempo que indaga sobre os limites do humano. O livro de Olga Ravn é difícil de arrumar: romance futurista, poema filosófico, ficção científica... nada se lhe ajusta.
Se tivesse que usar apenas uma palavra para caracterizar o romance Os Funcionários — livro finalista do International Booker Prize 2021 —, da dinamarquesa Olga Ravn (n. 1986), seria com o adjectivo “original”, mas no seu grau superlativo absoluto sintético: originalíssimo. É um livro difícil de arrumar em classificações: romance futurista, poema filosófico, ficção científica... Nada se lhe ajusta: rejeita a clássica narração linear, o tempo é indefinido, a caracterização psicológica das personagens está quase ausente, não tem um protagonista (ou tendo, é um lugar), a trama é uma linha muito ténue, não corresponde ao modelo canónico da ficção científica (aquele em que é dado ao leitor um mundo que lhe é estranho mas já completamente criado e funcional), a linguagem é poética e atravessada por interrogações filosóficas sem resposta.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.