Baterias dominam problemas de tecnologia em Portugal

Segundo dados da Deco Proteste, as baterias são a causa de grande parte dos defeitos em telemóveis, tablets e computadores. Falsas promoções e aumento do lixo electrónico preocupam a associação de defesa do consumidor.

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A Deco está preocupada com o aumento do lixo electrónico Daniel Rocha

Baterias viciadas, ecrãs tácteis pouco responsivos, e carregadores com defeitos — estas são algumas das maiores queixas dos consumidores europeus no que toca a problemas com tecnologia. Em particular, telemóveis e computadores. Os dados foram recolhidos em Setembro de 2021 pela Deco Proteste, a maior organização de defesa do consumidor em Portugal, em parceria com as suas congéneres na Bélgica, Espanha, França e Itália. O objectivo era perceber os principais motivos que levam os consumidores a comprar novos portáteis, telemóveis, televisores e tablets. Ao todo, as equipas receberam 93.646 respostas.

Regra geral, poucas pessoas optam por reparar aparelhos com defeito(s), o que contribui para o aumento do lixo electrónico. Em causa está o preço elevado, falta de peças adequadas ou aparelhos sem concerto.

Em Portugal, a Deco juntou dados de 2020 e 2021 para uma “maior robustez” das conclusões (10.876 respostas). No que toca a telemóveis, nove em cada dez portugueses já usa um smartphone (telemóvel com acesso à Internet e apps móveis). Em geral, os consumidores optam pelo sistema operativo Android; só 18% escolhe telemóveis da Apple. Na maioria dos casos, a opção é um modelo de média gama — 57% dos portugueses gastam entre 150 a 500 euros na compra de um novo aparelho.

Os problemas com a bateria dos telemóveis dominam. A Apple, Nokia, Wiko e ZTE são as marcas mais mencionadas quando se fala em baterias com defeitos. As marcas mais fiáveis incluem a Vodafone, Google (criadora do sistema operativo Android), Motorola, Xiaomi, Vivo, Samsung, Fairphone e Realme. Apesar de os novos telemóveis da chinesa Huawei já não virem com os serviços da Google incluídos, a marca continua a estar entre as marcas mais fiáveis dos portugueses.

Nos portáteis, também é a bateria que mais dá problemas. Cerca de 64% dos portugueses opta por portáteis de média gama (até 1000 euros) com a LG, a Toshiba, a Apple, a HP e a Microsoft a estarem entre as marcas que mais despertam confiança.

A maioria dos portugueses inquiridos continua a ter televisores em casa. Mais de metade já opta por uma smartTV, com ligação à Internet e apps próprias (por exemplo, canais de streaming como a Netflix e a HBO). A marca TLC apresenta o maior risco de avaria de acordo com as respostas recolhidas. A Kunft, a Panasonic e a Sonic estão entre as marcas preferidas pelos portugueses.

Pouco mais de metade dos inquiridos admite usar um tablet. A maioria dos aparelhos (63%) vem com o sistema operativo Android da Google. A Apple, Samsung e Xiaomi estão entre as marcas mais mencionadas a nível de fiabilidade. As baterias voltam a estar na origem de grande parte dos problemas.

Lixo electrónico aumenta

No resumo dos resultados a Deco alerta para o problema do crescente “lixo electrónico” devido à compra de novos aparelhos e das “falsas promoções”. Devido à dificuldade em reparar alguns aparelhos, muitos “acabam por juntar-se à preocupante montanha de lixo eléctrico electrónico que continua a crescer de ano para ano”.

Segundo estimativas do Fórum REEE, um grupo internacional de especialistas dedicado a combater o problema global deste tipo de lixo, o mundo acumulou cerca de 57,4 milhões de toneladas de resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos em 2021. É um valor superior ao peso da Grande Muralha da China, o maior objecto artificial na Terra.

Parte destes resíduos poderiam ser reciclados, impedindo a extracção de novas matérias-primas para produzir aparelhos electrónicos.

De acordo com a Deco, as respostas recolhidas revelam que muitos aparelhos avariam antes do tempo, mas também há muitos consumidores que compram novos aparelhos porque desejam modelos mais recentes.

Para aliciar os consumidores, algumas marcas e lojas utilizam a expressão “desconto” sem baixar o preço. A Deco Proteste recomenda a utilização de plataformas de comparação de preços antes de se efectuar uma compra.

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