Sita Valles e milhares de outros fantasmas
O documentário de Margarida Cardoso, esta semana nas salas, é sobre uma heroína trágica de Angola e sobre esse “tempo maldito” que a fez desaparecer. E sobre os milhares de mortos que o MPLA insiste em silenciar: os do 27 de Maio de 1977. Mas acabamos o filme como começámos, cheios de perguntas e poucas respostas. Como diz ao Ípsilon Edgar Valles, irmão de Sita, “os pontos por esclarecer só se conseguirão aclarar quando o regime permitir que haja uma investigação a sério”.
Entre os rostos que o Jornal de Angola insistia em imolar em “notícias” e editoriais que apelavam a apanhar os traidores e a “víbora de cabeça ao contrário” e nos panfletos que o MPLA distribuía identificando um a um quem seriam esses “fraccionários”, o de Sita Maria Dias Valles chamava sempre a atenção. Por ser uma mulher entre homens; por ter ascendência goesa, o que lhe dava um ar exótico em Angola; e por ser “bonita” e “carismática”, dois adjectivos repetidos por muitos quando dela falam.
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