VMER inoperacionais durante milhares de horas em 2021. Falta de médicos é a principal razão

Dezembro foi o pior mês. No distrito da Guarda, em 31 dias desse mês, a VMER esteve indisponível durante um número de horas equivalente a 12 dias completos.

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As VMER prestam um auxílio mais avançado do que aquele que as ambulâncias podem dar Miguel Manso

As viaturas médicas de emergência e reanimação (VMER) do INEM estiveram paradas milhares de horas em 2021, sobretudo por falta de médicos, levando o nível de operacionalidade para os piores valores desde 2014. O interior é mais afectado do que o litoral.

As VMER são um meio de socorro pré-hospitalar diferenciado, com condições que as ambulâncias normais não têm e que, por isso mesmo, podem salvar vidas que noutras circunstâncias não seriam salvas. Têm obrigatoriamente um médico, um enfermeiro e um equipamento avançado de suporte de vida. Segundo dados do INEM, que o Jornal de Notícias revela na sua edição desta segunda-feira, em 2021, estas viaturas estiveram quase sete mil horas inoperacionais, 5400 das quais por falta de tripulação. Estes valores elevaram a taxa de inoperacionalidade das VMER para 1,8%, o pior registo desde 2014, ano em que a taxa foi 2,5%.

Segundo o diário, os piores casos estão em alguns distritos do interior - Guarda, Castelo Branco e Portalegre - com as quatro VMER que servem estes locais a registarem um total de 3254 de inoperacionalidade. Traduzindo isto para dias, o JN refere que é o equivalente a 135 dias completos. O mês mais preocupante foi Dezembro, com os dados do INEM a darem conta de que a VMER da Guarda esteve indisponível 277 horas (12 dias), a de Castelo Branco 131 horas (seis dias), a da Covilhã 100 horas (quatro dias) e a de Portalegre 76 horas (três dias).

Olhando para as oito VMER com maior taxa de inoperacionalidade em 2021, não é por isso surpreendente que a da Guarda apareça destacada com 37,2%. Seguem-se Castelo Branco (17,7%), Covilhã (13,4%), Portalegre (10,2%), Beja (9,5%) e só depois alguns veículos que operam no litoral: Matosinhos (7,7%), Vila Nova de Gaia (6,2%) e a do Hospital de Santa Maria (5,2%).

Segundo o presidente do INEM, Luís Meira, em entrevista ao mesmo jornal, a disparidade entre o interior e o litoral, no que concerne à operacionalidade das VMER, prende-se com “a dificuldade de fixar médicos do SNS [Serviço Nacional de Saúde] nas urgências”. A falta de recursos humanos, defende, é “dos hospitais”, salientando que nem todas as VMER situadas no interior têm problemas de operacionalidade.

Desde 2014 que as administrações hospitalares são legalmente responsáveis por garantir a operacionalidade destas viaturas. Portugal tem 44 VMER a operar no território nacional, que estão sediadas em hospitais e operadas por equipas que integram os serviços de urgência dessas unidades.

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